É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
Quando famílias dos mais variados cantos de Portugal se juntam, tudo pode acontecer. Comer. Beber. Conversar. Gritar. Apreciar. Cantar. Dançar. Uma casa nunca esta demasiado c...
Conceição e Alberto desviaram o olhar das cerejeiras e riram ao ver a neta de malas na mão, parada no meio do terreno. -Maria Constança!
A jovem sorriu, abandonando as malas e correndo para os braços abertos dos avós. Entre aqueles braços, sentiu-se novamente como a menina de oito anos que passava as ferias do verão no Norte do país, junto à fronteira com a Espanha. Foi só quando o sol se pôs, deixando um céu violeta e alaranjado, que abandonaram as terras e entraram em casa. A moradia simples, exatamente como Constança recordava. A lareira tinha sempre os seus toros de madeira, prontos a ser queimados mal viesse um frio mais ameaçador. Conceição tagarelava acerca do clima e dos animais que foram vendendo. O gato brincava com o cachorro a porta da casa e Alberto entretinha-se a ouvir as histórias da neta.
-Um dia, vamos fazer uma visita ao Sul. Há imenso tempo que não paramos por aquelas bandas... - Prometeram.
Constança assentiu, sorrindo ao sentir o aroma a sopa de caldo verde e a chouriça de vinhos tão boa.
-Sabes quem me ligou? – Perguntou Conceição com a sua habitual boa disposição. – Já não falávamos há uns bons anos... foi bom para pôr a conversa em dia. A Maria!
Constança franziu o nariz, levando a mão a cabeça. – Ai sim?
-Contou-me que estavas muito triste por causa do teu namorado. Disse que me telefonou assim que soube que vinhas passar uma temporada aqui ao Minho. Fiquei muito contente, já que, se dependesse de ti, ias fingir que nunca estiveste melhor. E depois ligou-me a Teresa. A tua melhor amiga ligou-me depois de tu lhe teres ligado. Todas sabem que tencionavas guardar tudo para ti, não é verdade?
Constança fechou os olhos e Alberto soltou uma gargalhada.
-Deixa-a jantar, São!
-Eu deixo. – A mulher disse, partindo umas fatias de broa. – Ainda bem que a Maria me ligou porque vou garantir que esse rapaz não te vem à mente enquanto aqui estiveres.
-Sim? – Constança perguntou. – E como tencionas fazer isso?
Conceição cruzou os braços e riu, franzindo o nariz pequeno. Alberto admirou as duas mulheres da sua vida, notando como eram parecidas, rindo com a expressão desafiadora que as duas lançavam a outra.
-Come e amanhã conversamos sobre isso. – Foi tudo o que a avó São disse.
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-Estamos na vila mais antiga de Portugal! – Exclamou Constança, abrindo os braços ao descer do autocarro, apresentando Ponte de Lima, no Minho, aos turistas. – Esconde as raízes mais profundas e lendas ancestrais fantásticas deste país. Os meus avós sabem dezenas delas, mas teremos de as deixar para outro dia.
Alberto riu e seguiu atrás de Constança, junto com Conceição.
-Vão reparar que estamos rodeados por muralhas e torres. Seis portões dão acesso à vila e remontam a época em que os reis apenas pensavam em estratégias militares e geográficas. Vão adorar, verão. – Continuou a jovem, certificando-se que o grupo numeroso de turistas a seguia até um restaurante acolhedor, onde jantariam os maravilhosos rojões minhotos.
O grupo, divertido e barulhento, ocupava Constança com perguntas sobre a zona, curiosos com o quanto a jovem sabia. Obrigaram Alberto a contar uma ou duas das lendas que conhecia e Constança tentou traduzir o máximo que conseguiu. Alberto aproveitou a escuridão do exterior para colocar mistério nas suas historias e os viajantes adoraram. Quase no fim do jantar, um grupo de minhotos, caracteristicamente vestidos pelos trajes tradicionais, invadiram o restaurante com as suas violas e castanholas. As mulheres usavam grandes brincos e pulseiras de ouro e xailes coloridos por cima das caminhas brancas. As saias, compridas e rodadas, vermelhas com flores brancas e azuis, davam todo o movimento que precisavam. O homem que tocava acordeão colocou-se no canto do restaurante e o mais idoso de todos, sentou-se num banco e exibiu o pequeno tambor que iniciou a contagem para o espetáculo. Os turistas seguiam os movimentos deles, maravilhados com as cores dos trajes, encantados com o som das vozes afinadas e treinadas. Os clientes acompanhavam as cantigas com palmas e os bailarinos bateram os sapatos no chão, procedendo a coreografia ensaiada.
-Conheces bem esta, Constança. – Conceição falou, agarrando a mão da neta e puxando-a para o centro do restaurante. – "As sete mulheres do Minho, mulheres de grande valor".
Constança riu, segurando a saia comprida que decidira usar, sorrindo ao minhoto que se aproximava e a guiava nos passos da música. Sim, ela conhecia a musica, a letra e a coreografia da dança. Todas as ferias de Verão, nas festas da terra, dançava todas as cantigas que se ouviam com os avós. Era tão bom estar em casa...
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