27/05/2017
- O negócio tem andado bastante parado. – Mário comentou, sentando-se numa das cadeiras disponíveis, ao lado de Constança.
Ela assentiu, bebendo um gole da bebida fresca. – O turismo já não é como antes. Os portugueses não precisam de guias e os estrangeiros também contam os tostões, como nós.
-O negócio do meu pai agora só serve para reservar hotéis e indicar os melhores destinos. Ele comenta, de vez em quando, que mesmo com pouco dinheiro, o português começou a querer passar férias no estrangeiro. – Afonso falou.
-Compreensível. – Constança respondeu. – Muitos têm família noutros países. Outros querem explorar o resto do mundo, nem que seja para comparar com casa. Para quem vive no litoral, férias sabem bem noutros países, com outras praias, outras comidas. Como o Brasil!
-Adorava visitar o Brasil. – Teresa disse, largando o telemóvel em cima da mesa. – Algo daquele lado do oceano me fascina.
Constança riu. – Talvez porque o teu pai nasceu lá?
Teresa assentiu, sorrindo. Acenaram a Rita e Ricardo, que se aproximava, e apressaram-se em puxar mais duas cadeiras para os amigos.
-O casal de eternos namorados aproxima-se. – Afonso brincou. – Abram alas!
Rita revirou os olhos. – Afonso, tenho a pequena impressão que só consigo perdoar-te por seres família.
O rapaz riu, levantando-se para pedir mais bebidas.
-Como vai o trabalho? – Ricardo perguntou.
-Parado. – Respondeu Mário, encolhendo os ombros. – Não precisas de ajuda no hotel?
Ricardo riu. – Sabes cozinhar?
Rita sorriu, beijando a bochecha do namorado. – Não sejas mau... - Sussurrou.
-Estrelar ovos conta? E massa com atum?
O grupo soltou gargalhadas, vendo o rosto do nadador-salvador.
-Lamentou, Mário. Massa com atum não consta da ementa do hotel. – Constança riu, empurrando levemente o ombro dele.
Mário revirou os olhos e riu, agarrando a mão dela. – E, por acaso, alguma vez leste a ementa?
Constança cerrou os lábios numa linha, tentando conter o riso e fingindo-se indignada. – Gozar com o meu atual estado financeiro não te faz parecer mais inteligente, meu caro.
Ele soltou uma gargalhada e puxou-a para um abraço. – Falha minha, Mimi.
-Temos casamento para breve? – Teresa perguntou, virando o rosto para Rita, numa provocação ao casal.
-Quem sabe... - Foi a resposta de Ricardo, que apenas arrancou mais gargalhadas ao grupo.
-Eu tentei... - Teresa falou, erguendo as mãos, numa pose de rendição.
Afonso regressou, segurando uma bandeja cheia de cervejas e sumos, tentando equilibrar-se. – Garantiram-me que teremos desconto por isto.
Entre conversas e gargalhadas sobre o estado do tempo, do país e das pessoas, a mesa foi enchendo-se de garrafas vazias, gotas de bebidas entornadas e outras aleatoriedades. Falaram como se não se vissem há uma eternidade e precisassem de recuperar o tempo perdido quando, na realidade, apenas tinha passado uma noite de sono entre aquela tarde e a ultima vez que se viram. Conheciam-se desde o ensino básico e, mesmo tendo-se separado no que tocava a escolhas profissionais, nunca deixaram a amizade de lado. Confiavam a vida uns nos outros e sabiam onde ir sempre que precisassem de se encontrar. Não havia nada de rotineiro naquela simples amizade. Não havia cobranças nem desesperos. Só amizade. E era isso que precisavam.
YOU ARE READING
Made in Portugal
General FictionÉ uma casa portuguesa, com certeza! É, com certeza, uma casa portuguesa! Quando famílias dos mais variados cantos de Portugal se juntam, tudo pode acontecer. Comer. Beber. Conversar. Gritar. Apreciar. Cantar. Dançar. Uma casa nunca esta demasiado c...
