-Só pensas em rapazes...

Teresa riu, encolhendo os ombros. - Eles alegram-me a vida, Mimi. E eu só quero o melhor para ti.

Encarando o sorriso malicioso da madeirense, Constança não conseguiu evitar a sorrir também. Com um leve encontrão na amiga, segurou o braço dela e caminharam lado a lado, muito juntas. Virando a cabeça para fitar Teresa, Constança cerrou os olhos, como se avaliasse a expressão dela.

- Vou fingir que acredito.

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Aquela era a primeira ida ao cinema desde que regressara. Constança esperava pelo grupo de amigos ao lado de Teresa e as duas permaneciam em silêncio, vendo a gente que passava por elas. Ao fundo, Rita surgiu na rua com o seu habitual sorriso e o telemóvel na mão que se tinha tornado como um novo órgão importante e imprescindível. Acenou-lhes e as duas esperaram que se aproximasse.

- Como estão, minhas queridas?

Cumprimentaram-se alegremente, como amigas de longa data e encostaram-se ao muro caiado de branco, retomando a espera. Rita, moça alta e morena era a típica mulher algarvia. Fazia, por vezes, lembrar as mulheres árabes que viam nos livros, com todas as sedas coloridas e os olhos escuros e amendoados. A sua pele tinha um ligeiro tom de café com leite e ela deixara crescer os cabelos pretos e lisos. Constança adorava ver a maneira como ela pintava os olhos, realçando-os. Usava os lábios pintados de vermelho quando estava a trabalhar, mas, ali, parecia ter colocado um tom mais rosado. Rita era divertida e vivia para a família, mas era também bastante ocupada. Conhecia o namorado, agora noivo, desde sempre, mas a relação desabrochou quando ele foi chef convidado para a cozinha do hotel em que trabalhava.

Constança encarou-a enquanto a moça conversava sobre a proximidade do seu casamento. Um pouco alheia ao tema, Constança levou as unhas à boca enquanto via Afonso e Mário aproximarem-se. Sorriu aos dois, ciente que eles não conseguiriam ver o seu rosto àquela distância.

- Ouviste o que disse, Constança? - Estremeceu ao ouvir o seu nome na voz de Rita e tentou rebuscar na sua mente qualquer palavra solta que as amigas tivessem conversado. Encolheu os ombros e tentou sorrir, cerrando os lábios numa linha.

- Meu Deus, que madrinha de casamento que fui arranjar!

Constança arregalou os olhos. - O quê?

- Foi o que eu disse. - Rita disse, descruzando os braços. Teresa soltou uma gargalhada.

- Olhem, o Afonso e o Mário estão a chegar. Onde é que se enfiou o teu noivo, Rita?

Rita respondeu qualquer coisa, voltando a concentrar-se no sorriso que se ia abrindo lentamente no rosto de Constança, chegando-lhe aos olhos.

- Isso é um sim?

- Estás a brincar? Claro que sim! Mas pensei que já tinhas tratado disso, uma vez que faltam poucos meses e eu só soube que iam casar pela avó Maria.

Rita sorriu. - A minha avó sempre teve a tendência de se adiantar. Mas temos tempo. Além disso, estou a contar com a vossa ajuda.

Teresa fez uma brincadeira qualquer sobre a carga de trabalho que preparar um casamento dava e Rita pediu que não exagerasse.

Finalmente, Afonso e Mário abeiraram-se delas. Deram um cumprimento amigável e disseram que Ricardo os encontraria no cinema.

- E que filme vamos ver? - Rita questionou, deixando a pergunta no ar enquanto filmes iam sendo sugeridos. Mário aproximou-se de Constança e caminhou ao seu lado, notando como ela seguia distraída. Não foram necessários muitos minutos para chegarem ao cinema. Com as cabeças erguidas, vendo os cartazes dos vários filmes em exibição, chegaram a um consenso e colocaram-se na fila para a compra dos bilhetes.

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