É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
Quando famílias dos mais variados cantos de Portugal se juntam, tudo pode acontecer. Comer. Beber. Conversar. Gritar. Apreciar. Cantar. Dançar. Uma casa nunca esta demasiado c...
A algazarra estava completa no momento em que Maria se encontrou com Conceição. O tempo fora generoso com as duas. Abraçadas, contendo as lágrimas por serem umas fortes mulheres, riam sobre os anos em que não se viram. Encararam-se e correram, ao seu passo, para o tão querido quintal da mais velha Alentejana.
Constança aproveitou para fazer algumas compras para o almoço. Afonso ofereceu-se para a acompanhar e escapar de toda a euforia do regresso dos amigos do Norte. Riram ao relembrar a reação de Maria ao ser surpreendida por Alberto e Conceição e juraram ser algo que nunca conseguiriam esquecer. Depois, caminharam em silêncio. Talvez porque não soubessem o que dizer. Talvez porque um momento sossegado ia mesmo a calhar.
Constança aproveitou um momento de distração para encarar o rapaz ao seu lado. Parecia mais velho, pensou. A barba no rosto bronzeado parecia ter uma semana e os óculos escuros escondiam os olhos. Estava sério, diferente do rosto brincalhão que ela se habituara a ver. Talvez fosse a distância que distorcera as lembranças dela, mas não saberia dizer com certeza.
Engoliu em seco e voltou a olhar em frente, medindo a distância entre eles e o mercado. Não que achasse aquele silêncio constrangedor, mas preferia voltar para euforia que deixara em casa.
-Mimi, voltaste!
Arregalando os olhos, Constança encarou o homem a uns passos de distância. Mário estava exatamente como ela recordava. De braços abertos, à espera que ela corresse para o abraço, com o sorriso jovial, os olhos claros e aquele bigode sempre presente nos últimos tempos, saudava-a com alegria. Constança correu até ele, atirando-se para o seu colo, agarrando-se ao pescoço, contando com o apoio das mãos dele nas suas costas enquanto elevava o seu peso.
-Que saudades! – Ela exclamou, ouvindo-o rir, surpreso.
-Estás mais pesada? – Ele questionou e ela saltou do colo dele para o encarar, ameaçadora.
-Estás mais estupido?
Mário soltou uma gargalhada, cumprimentando Afonso, que se aproximara.
-Vem almoçar connosco. – Constança convidou, segurando o braço do rapaz. – Os meus avós também estão cá, iam adorar ver-te.
Ele negou com um aceno, beijando a testa da moça. – Já tenho planos para o almoço, Mimi, desculpa. Outro dia.
Constança inclinou a cabeça, assentindo. Abraçou-se uma última vez ao corpo dele e afastou-se, sorrindo. – A próxima vez que nos virmos, espero ver-te sem o bigode.
Afonso, um pouco mais retirado, observava a troca de brincadeira entre os dois. Com os braços cruzados e as costas encostadas à parede do mercado, encarava a pequena mulher e pensava como alguém poderia ter uma personalidade tão variada. Aquela era a Constança que ele conhecia: relaxada e faladora, a carismática moça e eterna criança. Soube, enquanto caminhavam, que na sua mente corriam os mais variados temas. Era perigoso o silêncio dela, pensava Afonso.
Depois que se despediram de Mário, Afonso soube que a pequena mulher de sardas no nariz pequeno e arrebitado voltava a pensar em algo. Sabia-o pelo mínimo franzido daquele botão. Estranhava o silêncio da curiosa mulher, mas preferiu dar-lhe tempo. Iniciou conversa com o rapaz da caixa, que lhe perguntou se vira Joana naquela semana. Notou, com alguma satisfação, na inquietação da mulher ao seu lado e apressou-se no pagamento das poucas compras.
-Não a vi. – Afonso falou depois. – Mas ela é praticamente vizinha da minha avó, por isso, não terei de esperar muito.
Constança seguiu na frente. O sorriso maldoso regressara ao rosto de Afonso e ela esforçava-se por não o deixar reparar que gostava de o ver naquela feição. Acelerando o passo para fugir ao fresco ar da primavera, obrigou o rapaz a dar uma curta corrida para voltar a caminhar ao seu lado. Viu, pelo canto do olho, que ele a encarava e deixou escapar um sorriso.
-Vou ser muito honesto, Constança.
Ela abriu o sorriso e encarou-o. – E quando é que não o és, Afonso?
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