Not over you.

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Eu cresci, eu estudei, eu me formei, eu vivi. Eu me sentia a mulher mais feliz ao lado dele, até que eu senti que eu não o fazia mais feliz. Ele estava lotado de compromissos e eu fazia o impossível para acompanha-lo e apoiá-lo, mas eu não via o mesmo brilho no seu olhar, eu não o via querendo ficar, os abraços foram ficando rápidos demais, os beijos foram sumindo e o meu coração doendo cada vez mais. Eu amo Shawn Mendes com todo o meu coração, mas eu me amo mais, e foi por isso que eu tive que seguir em frente. Sem ele.

Eu passei um ano viajando o mundo, e assim que voltei a residir em Los Angeles, pra onde eu tinha me mudado, eu vi tudo mudado.

Todos falavam sobre Shawn Mendes, e principalmente sobre o seu novo álbum com o seu próprio nome, mas eu me privei de tudo, principalmente de redes sociais e qualquer coisa que me remetesse a ele.

Assim que eu voltei a Los Angeles, marquei uma consulta com minha antiga psicóloga e fui no mesmo dia.

— Bom dia, Victoria. – ela disse abrindo a porta com um sorriso.

— Bom dia, Dra. Menezes. – sorri e entrei, me sentando no sofá.

— Quanto tempo... – ela falou se sentando numa cadeira na minha frente. – Como andam as coisas? – ela perguntou cruzando as pernas e se ajeitando na cadeira, foi quando eu fechei os olhos e me lembrei, em um segundo, de tudo o que havia vivido.

Abri os olhos assustada, logo começaram a marejar e a psicóloga me observava.

— Temos muito o que conversar. – ela assentiu com a cabeça e eu concordei.

(...)

Depois de muito tempo contando do meu ano fora do país, das minhas tentativas de superar o Shawn e até do nosso término, ela falou algumas coisas que me fizeram refletir, mas eu sentia que ainda tinha mais pra falar.

— Eu sinto que é como se eu estivesse destinada a ficar com ele e vice-versa, como se eu só fosse dar certo com ele, mas vai que eu esteja me enganando? – respirei fundo e me encostei no sofá. – Se isso não for algo espiritual e for só coisa da minha cabeça? Eu não quero me prender a ele! Eu tenho uma carreira incrível, trabalhei com pessoas super profissionais, fiz uma especialização na minha área de fono envolvendo música, fiz um curso técnico de marketing; eu me sinto bem profissionalmente, mas... – parei de falar e fechei os olhos. – Eu não queria ser tão dependente dele. – olhei pra ela, que assentia com a cabeça. – Eu sinto que perdi uma parte de mim no momento em que ele disse que não me amava mais, e aquilo doeu mais do que qualquer coisa na minha vida. – parei de falar e recuperei a respiração. O choro gritava para sair, mas eu me controlava. – Eu não entendo como ele seguiu em frente tão rápido. Antes de eu viajar, eu o vi nas redes sociais confirmando um relacionamento, e eu só queria perguntar a ele como que ele havia conseguido, mas talvez... – parei um pouco e senti o meu coração doer. – Talvez foi mais fácil pra ele porque ele não me amava mais. Será que um dia ele me amou? Será que Imagination realmente foi pra mim? Será que ele escreveu I don't even know your name quando ele me viu quando criança? Será que ele teve medo de me perder quando eu sofri o acidente? Será que ele se lembra o quanto eu o amei? Eu sinto que nunca vou conseguir amar outra pessoa, e o pior é que eu não me sinto mal por isso, eu amo amá-lo, mesmo que me machuque.

(...)

Passei o resto da tarde olhando pro meu celular e me perguntando se eu baixava as redes sociais ou não, mas acabei cedendo e baixei primeiramente o twitter, depois o spotify e assim em diante...

Assim que eu vi a foto dele em uma premiação, eu bloqueei o celular e fechei os olhos, tentando negar tudo o que eu sentia.

Meu telefone começou a tocar, bagunçando todos os meus pensamentos.

— Alô? – atendi sem ter visto o nome.

— Victoria, sou eu, Jeff! – o meu empresário falou assim que eu atendi.

— Oi, Jeff. – sorri, aliviada. Era bom escutar uma voz conhecida depois de tanto tempo. – Está tudo bem?

— Sim, sim, eu preciso te dar uma notícia. – ele pausou e eu esperei. – Temos um emprego ótimo pra você, de um artista muito famoso e que vai entrar em turnê em pouco tempo! – ele falou animado, mas eu não estava.

— Não sei, Jeff, eu acabei de voltar, ainda estou me adaptando, não quero ter nenhum compromisso por enquanto, eu...

— Não há escolha, Victoria. – ele falou rindo, mas de uma forma séria.

— Como assim não há escolha? – perguntei já me levantando da cama.

— Eu assinei por você, e, é... Um contrato complexo, acharam brechas, eu...

— Jeff, você não podia ter feito isso! – falei já me estressando, sentindo a ansiedade me consumir só de pensar em um emprego tão rapidamente.

— Eu sinto muito, Victoria, mas já está na hora de você aterrissar. Essa é a vida real. Te encontro amanhã, às 9h, na Island Records, um abraço. – e desligou.

Eu tive vontade de jogar o celular pela janela, mas me controlei e só o joguei na cama.

Eu não tenho cabeça pra tanta coisa ao mesmo tempo.

Fui no meu banheiro e abri a farmácia, pegando meus remédios. Respirei fundo e fechei os olhos, me lembrando do psiquiatra falando da importância deles na minha depressão e que eu teria que voltar a tomar se sentisse a vontade que eu tinha de "explodir".

Coloquei um na boca e voltei pro quarto, pegando uma garrafa de água que estava em cima do móvel e bebendo, me sentindo fraca por estar voltando pra medicação, mas eu sabia que no fundo eu era forte e eu ia conseguir passar por aquilo.

Como o remédio me dava sono, acabei apagando e acordei às sete da manhã do outro dia, acabei dormindo todo o sono acumulado que eu tinha. Assim que saí do banho, me olhei no reflexo do espelho e sorri. Meu cabelo, agora ruivo, caía levemente sobre os meus ombros e estava com um cheiro gostoso. Analisei meu rosto e passei a mão na minha bochecha, lembrando do toque dele. Fechei os olhos e lembrei das diversas vezes em que ele me acordava me enchendo de beijos.

Abri os olhos e me deparei com a realidade. Lavei o rosto pra acordar daquele transe e comecei a me arrumar, coisa que eu não fazia há muito tempo. Passei uma maquiagem básica e me vesti, colocando meu macacão favorito e um casaco fino por cima. Passei perfume e peguei minha bolsa, saindo do quarto e de casa, entrando no carro e ligando o mesmo, indo em direção ao meu encontro com meu adorável empresário.

Assim que cheguei na Island Records, senti um calafrio só de pensar em trabalhar com outra pessoa que não fosse o Shawn, eu não me lembrava da sensação. Entrei no prédio e fui até a recepção, me identificando e ganhando um crachá, sendo direcionada até o vigésimo andar.

Entrei no elevador e aquela ansiedade foi me consumindo aos poucos, juntamente com um aperto no peito e um pressentimento bom, o que estranhei. Talvez eu vá trabalhar com Ed Sheeran, nunca se sabe... As portas do elevador se abriram e eu saí, me deparando com Jeff.

— Oi. – falei sem jeito e ele veio me cumprimentar com um sorriso.

— Muito obrigada por ter vindo, Victoria. – ele sorriu, ajeitando o cabelo. Eu dei de ombros, sorrindo, fazendo-o rir. Querendo ou não, ele sempre me conseguia bons trabalhos e eu sempre dava de volta a ele, fazendo ótimas recomendações. – É naquela sala ali, já estão te esperando. – ele apontou pra uma sala e eu assenti com a cabeça, respirando fundo e me encaminhando para a mesma.

Coloquei a mão na maçaneta e a girei, sentindo o meu coração quase pular do peito antes mesmo de abrir a porta. Me deparei com uma sala vazia e com uma pessoa de costas, observando a vista da cidade.

— Bom dia, sou Victoria Hudson, vim à pedido do Jeff Davis. – falei me aproximando e sentindo um aroma familiar.

Ele se virou e eu congelei.

Ele me olhava da mesma forma que eu olhava pra ele, espantado, sem saber o que falar.

Shawn Mendes estava na minha frente depois de mais de um ano. Eu iria trabalhar com ele de novo. Eu estava vendo o amor da minha vida, o amor que eu estava tentando superar. Sem sucesso.

Hold on TightWhere stories live. Discover now