I promise.

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Ok, Victoria, respira e anda. Você consegue.

Minhas mãos estavam apoiadas na pia do banheiro do colégio e por algum motivo eu não conseguia me mexer. Olhei meu reflexo no espelho e vi uma garota pálida, olheiras profundas e com o cabelo bagunçado no rosto.

Tentei visualizar a minha situação e como eu tinha ficado mal só por causa de um garoto que sumiu da minha vida. Na verdade, ele colaborou pra que eu voltasse com aquilo de não comer, e eu só fui me afundando cada vez mais, a depressão parecia estar voltando e me puxando com força.

Respirei fundo e olhei em meus olhos pelo espelho, eles estavam mais pesados que a minha alma. Olhei pra minha bolsa e observei que tinha uma barrinha de cereal que eu não tinha comido no dia anterior, ou seja: eu podia desmaiar a qualquer momento.

"Posso comer depois." Disse pra mim mesma e criei coragem pra molhar o rosto. Enxuguei com uma toalha que levava na bolsa e joguei meu cabelo pra trás, logo colocando a bolsa nas costas e saindo com dificuldade do banheiro.

Quando abri a porta e saí, tive um choque ao ver tanta gente andando no corredor. Me encostei na parede e fiquei um pouco tonta, fechando os olhos. Senti meu corpo ficando fraco e logo senti uma mão me puxando pela cintura, na verdade me segurando.

— Vic? Você tá bem? – Abri os olhos e avistei o Sammy com um olhar preocupado. Assenti com a cabeça e me apoiei nele.

— Só me leva pra sala, por favor. – Disse num sussurro e fazendo um esforço enorme pra manter os olhos abertos.

— Tá louca? Eu tenho uma reposição pra fazer agora, vou te deixar na enfermaria e depois nós vamos pro hospital.

— Não, hospital não... – Disse segurando em sua blusa.

— Victoria! – Ele falou em um tom autoritário que me fez abrir os olhos. – Você não tá vendo a sua situação? Você tá afundando! E de novo. – Ele disse sem parar de olhar pra mim e eu só pude assentir com a cabeça.

A enfermaria ficava ao lado da coordenação, e quando chegamos lá, o Sammy disse que eu não dormia há dias e pediu um calmante.

Oi? Eu não to agitada!

— Você precisa descansar. – Ele disse me deitando na cama que tinha na sala e me dando o remédio. Engoli com um gole de água e senti um gosto amargo na minha boca, logo fazendo uma careta. – Vai ficar tudo bem, Vic, eu já volto, eu tenho que fazer essa prova. – Ele disse dando um beijo na minha testa e saindo do quarto.

Senti meu corpo ficar mole e logo tudo ficou estranho, girando. Meus olhos foram pesando e eu escutei alguém abrindo a porta da sala.

Avistei apenas um vulto preto se aproximando, mas quando ele se sentou ao meu lado, pude ver quem realmente era.

Seu rosto estava coberto de machucados e ele vestia a mesma jaqueta preta do dia em que o vi pela primeira vez. Seu olho estava roxo e tinha um corte no seu lábio inferior.

— Sh... – Tentei pronunciar seu nome enquanto minha mão buscava a sua.

— Loirinha... – Escutei sua voz e pude ter certeza que era ele, senti tudo escurecer e o remédio fez efeito.

Shawn P.O.V:

Só tinha eu e ela naquela sala praticamente vazia, e tudo o que eu podia escutar eram as batidas aceleradas do meu coração.

Vê-la daquele jeito antes de fechar os olhos e adormecer por conta do remédio me quebrou por dentro. Aproximei a cadeira da cama e segurei sua mão que estava descansando em cima de sua barriga, suas unhas continuavam grandes e sem esmalte, mas logo percebi que aquilo não era bom. Olhei seu outro braço e notei marcas avermelhadas, ela com certeza se arranhava com as unhas, não parecia ter sangrado, pareciam arranhões.

Hold on TightWhere stories live. Discover now