-Não és neta dela!

Constança abanou a cabeça, baixando os ombros. – Em tudo o que disse, foi isso que decidiste reter?

Ele aproximou-se um pouco. Constança fitou os olhos azulados do rosto moreno. Passou a mão na barba clara e rala e suspirou. – Não percebo o motivo de tanto drama. – Ele sussurrou – Mário disse-me que te contaria e eu achei que não havia a necessidade de...

Constança baixou o olhar e riu. Manuel usava aquele tom baixo e rouco para a fazer esquecer e, quase sempre, conseguia. Mas não agora, não ali. Constança começava a ficar saturada de todos aqueles jogos e por muito que gostasse do rapaz, não conseguia continuar a ser tratada como apenas mais uma. – Eu não namoro com o Mário. E tu sabes que tenho razão, Manuel. Tanto sabes que tentas sempre compensar-me com estas surpresas fantásticas ou com fins de semana românticos. E isso é ótimo. É mesmo bom que faças isso porque fazes com que me sinta especial, por alguns momentos. Mas quando começámos a namorar, não assinei nenhum documento que dissesse que só podia estar contigo quando quisesses.

Manuel fechou os olhos, levando a mão ao cabelo. – Sinto que exiges demasiado de mim.

Constança encarou-o e encolheu os ombros. – Só quero que estejas aqui.

Ele encarou quem passava e prestava demasiada atenção à conversa dos dois. Se havia algo que ele detestava nos portugueses era o quanto conseguiam ser coscuvilheiros sem se importarem em disfarçar. – Nós nem dormimos juntos...

Constança arregalou os olhos ao ouvir o murmúrio. – Nunca estás aqui! E o mundo virtual ainda não chegou a tanto!

Manuel revirou os olhos, afastando-se. – Não tentes fazer de mim parvo.

-Não precisas da minha ajuda para isso, Manel! E não me venhas com conversas sobre sexo quando...

-Convives demasiado com a avó do Afonso. Ela começou a convencer-te de que...

-Pelo menos ela está sempre lá! – Constança interrompeu. Endireitou-se, segurando melhor a caixa com os pasteis e passou por ele. – Tenho de voltar ao trabalho. Acabou, Manuel. Agora quem não está sou eu. Cansei-me de esperar por ti.

Ele respirou fundo, vendo-a voltar ao seu papel de guia turística bem-humorada sem qualquer esforço. Levou as mãos ao cabelo e suspirou. Constança irritava-o profundamente em algumas ocasiões.

-Vamos ver o rio! – Constança falou, querendo afastar-se de Manuel. – Está bastante quente o tempo aqui em Águeda.

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20/05/2017

-Então, minha querida? – Maria largou as cenouras ao ouvir a jovem fungar. – Que carinha é essa?

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