Capítulo 1 - Sasuke

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— Vou fazer o café da manhã, alguma preferência, Sasuke? — questionou depois de acionar a cafeteira.

— Você está horrível, pode deixar que eu mesmo faço — respondeu e recebeu em troca um olhar entediado.

— São sete e cinco. Você vai tomar banho, se arrumar, comer, e eu vou te levar para sua aula às oito e meia como sempre.

— Tem certeza? Você não parece bem mesmo e-

— Você já é grandinho, moleque, sei que sabe fazer sua própria comida e que pode pegar o carro e ir sozinho, mas eu prometi para sua mãe que, enquanto você morasse comigo, eu cuidaria de você. Além disso, não sou idiota, eu sei que está tão cansado quanto eu e que aquele seu maldito professor não larga do seu pé!

— Tudo bem. — Sasuke ergueu as mãos, rendido, sabia que não adiantaria discutir com o tio, mesmo que as aulas e o semestre da faculdade só tivessem começado no dia anterior.

— Ótimo. Café preto bem forte e misto quente para mim e...?

— Suco de laranja, queijo branco e pão de forma integral para mim.

Madara sorriu de canto e viu o sobrinho desaparecer no corredor. Organizou o café da manhã na mesa, rindo sozinho de como a comida de Sasuke contrastava com a sua; pelo menos, daquela vez, ele não tinha pedido frutas com aveia ou granola. Sentou-se, verificou o celular e, exatamente às sete e quinze, Sasuke saía pelo corredor.

Sasuke era seu sobrinho mais novo, seu afilhado, embora não parecesse nada consigo e não entendesse o motivo para a esposa de seu irmão lhe ter oferecido o que muitos considerariam uma honra. Mas, embora fossem diferentes, Sasuke era quem mais amava em sua vida, por isso não hesitou em acolhê-lo depois que Fugaku, seu irmão e pai de Sasuke, expulsou-o de casa ao descobrir que ele tinha trancado o curso de artes marciais escondido e usado o dinheiro para pagar as aulas de ballet.

Bem, Madara já sabia que daria algo errado, afinal, Sasuke tinha ligado para ele aos quatorze anos para que fosse lá trancar o curso de luta, e ele obviamente ajudara, só Fugaku não via que Sasuke odiava lutas, apesar de saber muito bem se defender. E, bem, Sasuke também ligara para ele para fazer a matrícula na academia nacional de ballet, e o que ele podia fazer a não ser ajudar? Sasuke era menor de idade, e Madara sabia que Fugaku preferiria morrer a ir pessoalmente matricular o filho caçula numa escola de dança. Claro que, quando a conversa sobre as aulas de luta surgiam, notava o olhar desesperado de Sasuke e a forma evasiva como respondia às perguntas, mentindo, e por isso resolveu ser responsável e intervir, ensinou-o a mentir melhor.

Sasuke estava feliz dançando, mesmo que, em alguns dias, parecesse abatido e cansado com as aulas; assim, Fugaku não tiraria isso dele. Quando ele fez dezoito anos, no momento em que Fugaku descobriu para onde seu dinheiro estava indo realmente, quando seu irmão berrou a plenos pulmões que Sasuke não moraria mais consigo nem veria qualquer centavo seu, Madara comprou a briga e não demorou a buscá-lo. Desde então, durante aqueles cinco anos, Sasuke estava consigo, morando sob o seu teto e cursando as aulas de dança de que tanto gostava. De vez em quando, Madara enviava notícias para o irmão, já que a tentativa dele de se reaproximar do filho fora nada além de um completo fracasso. Sasuke não só tinha recusado voltar para casa como também havia gritado tudo o que guardava há anos. Gritado, Sasuke tinha gritado, e ele conhecia bem o sobrinho, Sasuke nunca nem elevava a voz, quem dirá gritar com o próprio pai sem motivo!

Encarou a imagem de Sasuke se aproximando, a toalha nas mãos secava os cabelos negros curtos, ele era alto, esguio, com músculos definidos pelos anos de treino e dedicação, a pele branca era repleta de hematomas, manchas roxas e vermelhas se espalhavam pelos braços e pernas principalmente. No começo, havia achado que Sasuke se metia em brigas, que estava em alguma confusão e que não queria lhe contar ou preocupar, mas, depois de assistir a uma ou duas aulas de ballet e ver os saltos e os giros que Sasuke treinava incessantemente, tranquilizou-se, quer dizer, pelo menos não eram brigas, não é? Lembrava-se de que, na idade do sobrinho, já havia se metido em mais confusões do que podia contar e ficava muito mais aliviado por saber que Sasuke era extremamente diferente de si.

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