Capítulo 56 - What is your problem?

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Harry Styles entrou pela porta da frente da empresa, logo na entrada havia uma fonte, quebrando o clima monótono de escritório, no centro da fonte havia uma estátua, uma réplica exata de Vênus de Milo.

Ele, particularmente, não era um fã de arte, mas Louis amava aquela obra, e coloca-la ali foi uma forma de tê-lo por perto. Isso o fez sorrir. Era tão bom sentir-se assim, sabendo que estava onde queria, ao menos pensava assim, ele tinha dois filhos, Kyle e Joanne e eram seus tesouros, estava sendo o filho responsável que sua mãe queria e o diretor com potencial para a empresa para seu pai, e o mais importante, tinha Louis ao seu lado.

Entrou e sorriu para as atendentes da entrada, elas retribuíram simpáticas, sabiam que ele era casado, sorriram por educação.

As portas do elevador se abriram e ele entrou, lá um rapaz alto e bonito estava encostado na parede espelhada e lendo um arquivo. Harry entrou e ficou ao seu lado, o outro parecia um pouco nervoso, até mesmo assustado.

– Primeiro dia? – Perguntou e o outro levantou o rosto o encarando.

– Sim.

– Nervoso?

– Sim, disseram que o chefe é exigente.

– Ele é. – Sorriu de lado com a inocência do rapaz, e quando viu o elevador chegar no seu andar perguntou. – Qual seu nome mesmo?

– Adam Levine. – Respondeu rápido.

– Levine. Prazer – Styles estendeu a mão, o outro a apertou e soltou em seguida. – Sou Harry Styles, seu chefe. – E as portas se abriram ele saiu deixando o outro de olhos arregalados dentro do elevador.

Aquela segunda-feira estava sendo agitada, Harry não parou um minuto de fazer de tudo, reuniões planilhas a serem montadas e tudo mais, estava cansado e com dor de cabeça no fim do dia, não parou no almoço.

Pediu que a secretária lhe trouxesse algo do restaurante na frente da empresa.

Ela o fez.

Quando saiu da empresa às nove horas da noite estava cansado, mas algo o incomodava, algo que estava esquecendo, mas não conseguia lembrar o que era. Queria chegar em sua casa tomar um banho e dormir, mas do que nunca precisava dormir.

Mas foi quando parou com o carro na garagem que se lembrou, Louis não havia ido para a faculdade porque recebeu os resultados das provas e ele passaria para a segunda fase e estava muito feliz e disse que faria o prato preferido dele para o jantar, o menor até tinha deixado uma mensagem de voz, que na verdade não era dele, mas de Kyle, falando papai direito e em seguida o nome de Harry.

Bateu com a cabeça contra o encosto do banco, Louis deveria estar uma fera, tinha lhe dito que chegaria as sete e já eram nove. Respirou fundo, tinha sido um dia tão complicado, e agora tudo só tendia a piorar. Desceu do carro passando a mão nos cabelos e folgando a gravata.

Entrou e viu a sala com a luz apagada, estava tudo quieto se não fosse pelo barulho de água corrente vindo da cozinha. Aos poucos, enquanto se aproximava percebeu Louis de costas lavando algumas coisas na pia. Ele tinha a cabeça baixa e os ombros curvados, isso só acontecia quando estava cansado demais, ele ficava frágil nesse estado.

Harry tentou ser o mais cauteloso possível ao chama-lo:

– Louis?

A água parou de correr assim que a torneira foi desligada, Louis virou para ele, seus olhos confirmavam o cansaço, estavam pesados e um pouco escuros, os ombros continuavam curvados.

– Desculpa não ter...

– Tudo bem – cortou sem encará-lo. Sua voz não deixava transparecer nada além de mesmice e descaso. – Já me acostumei.

– Não Louis... – Mas não sabia o que dizer.

– Harry, você sabe o quão importante pra mim era você estar aqui, eu só te pedi isso, mas se você não conseguiu... eu... faz o seguinte, esquece isso, eu não quero me irritar, eu tive um dia cheio, imagino que você também tenha tido, então... – deixou as palavras morrerem no ar, dando de ombros e se virando novamente para a pia.

– Eu realmente queria ter vindo, mas eu tinha tanta coisa. Acabei esquecendo. – Confessou, dessa vez ele curvou os ombros, se sentindo culpado.

– Espero que não tenha esquecido também do que seu filho lhe disse. – Rebateu com a voz saindo daquela zona de frieza anterior enquanto ligava a torneira da pia novamente.

– Claro que não. – Fez uma careta de irritação, claro que não esqueceria aquilo, Kyle era seu garoto. – Qual o seu problema?

Louis riu triste, mesmo de costas, Harry pôde perceber a dor naquele ato.

– Meu problema? Você quer saber qual é?  - Virou para ele outra vez. – Meu problema é que você não está mais cumprindo o que diz, Harry. Não só pra mim, mas também para as crianças, você disse que não traria trabalho pra casa e que as levaria para sair, mas passou o sábado enfurnado dentro do escritório, e quando não é isso chega tarde, e você não sabe o milagre que foi colocar Kyle pra dormir enquanto ele chorava chamando por você.

– Alguém aqui precisa trabalhar! – Soltou com raiva, e fechou os olhos arrependido, percebendo a burrada que tinha feito, se pudesse, seria naquele momento que desejaria reverter o que tinha feito.

Outro riso de Louis, e o ouviu fungar: estava chorando.

O menor enxugou os olhos com o antebraço e encarou Harry Styles com os olhos vermelhos e semicerrados: acusadores.

– Você quem pediu pra que eu não trabalhasse. Só que terminasse a faculdade, lembra? Mas tudo bem, você tem razão, eu não posso ficar exigindo essas coisas de você. – Ficou em silêncio por um tempo, mas antes que Harry pudesse falar, Louis continuou: – Sei que tínhamos combinado de colocar as crianças na escola só quando tivessem mais de dois anos, mas eu posso adiantar isso e procurar uma creche, talvez eu consiga um emprego durante a tarde depois que sair da faculdade e...

– Não, Louis, eu não quis dizer isso, eu só... – mas não conseguiu completar, estava tão cansado.

– Eu entendi Harry, faz o seguinte, sobe, toma um banho e vai dormir. Você deve estar realmente cansado – disse com uma voz embargada, como quem luta pra ser forte.

– Você não vem? – Harry perguntou triste.

– Não. Eu tenho que terminar de lavar a louça do jantar e jogar algumas coisas fora. – Respondeu rápido, se virando outra vez para pia.

Harry não disse mais nada, não conseguiria, na verdade.

Apenas saiu em direção as escadas, para o banheiro, seus olhos vermelhos, cheios de lágrimas acumuladas.

Louis, quando escutou os passos de Harry na escada, se deixou derramar em lágrimas gordas e quentes que desceram por seu rosto e se misturaram com a água suja da pia que escorria pelo ralo.

When the Little Prince GrowsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora