" – Me pergunto o que a minha mãe não lhe contou." Olhei para Normani, rindo. " – Tudo bem, irei fazer, mas não deixarei você ver, está bem? Não quero que me zoe pela falta de prática."

" – Eu não faria isto, mas se assim prefere, irei respeitar." Minha amiga se levantou, abaixando no armário do lado da lareira para pegar um caderno e um lápis.

Peguei da sua mão quando a mesma me entregou e comecei a pensar no que eu poderia desenhar.

" – Estarei na cozinha se precisar." Ela me avisou e eu a chamei. " – Sim?"

" – Não quero ser intrometida, mas com quem estava no celular?" Perguntei a olhando.

" – Minha tia me ligou, ela ficou com saudades, queria saber se estava tudo bem no meu emprego." Normani me contou, sorrindo no final.

" – Espero que eles não se importem de você ficar morando comigo." Confessei, balançando o lápis entre meus dedos.

" – Claro que não. Eu deixei de fazer importância a algum tempo para eles." Ela falou baixo, se afastando antes que eu pudesse falar algo.

Suspirando pelos problemas familiares de Normani, a imagem da latina se fez em minha mente e eu pensei porque não desenhar a própria.

Com o lápis no meio do caderno, fiz as linhas para delinear o rosto fino e delicado dela. Não demorou muito para eu colorir seus olhos castanhos e traçar sua boca bem desenhada com a ponta do lápis.

Minha mão soava e eu passava a minha língua para molhar minha boca a cada minuto, era como se um desenho pudesse me mostrar a intensidade que essa garota tinha.

Me distraí tão bem nesse ato de desenha-la que não percebi o tempo passar. Quando me dei por mim mesma, estava perfeito e eu tinha a imagem realista da latina em minhas mãos.

Escutei passos atrás de mim, e me ajeitei no sofá, abraçando a minha arte para que Mani não veja. Ela com certeza me zoaria por desenhar a vizinha, afinal o desenho ficou até bonito.

" – Onde está indo?" Perguntei estranhando ela não ter vindo até mim, pelo contrário, caminhado até a porta da entrada.

" – A campainha está tocando a horas, você não ouviu?" Ela questionou e eu neguei.

" – Eu irei guardar as outras folhas." Avisei saindo da sala para me abaixar no armário.

Coloquei o que estava usando de volta para o lugar na ordem, o que era algo que amava fazer. Organizar muito bem as minhas coisas.

Me levantei ajeitando minha camisa e escutando minha amiga conversar, voltei para a sala, querendo saber quem poderia ser a uma hora dessas ainda mais com a ventania.

Quando cruzei os olhos com quem estava na porta o meu coração parou por alguns segundos, eu tenho certeza. Minha boca nunca ficou tão seca e eu acredito que minhas pernas bambearam.

Mas isso não durou muito pois o corpo de Mani ficou na frente, tampando a minha visão da própria latina, que estava na minha porta.

O que ela estava fazendo aqui? Porque raios ela me visitaria? Será que ela se incomodou de eu a observar da janela?

Tantas perguntas e o que eu mais queria era ir até lá e deixar que ela mesma respondesse. Mas fazer isso seria loucura, ela pensaria que eu era alguém normal e eu não sou.

Eu talvez iludiria ela, e isso seria horrível pois eu não posso sequer ter mais alguém dentro de casa sem que a pessoa tome um banho de produtos antibacterianos.

Não irei dar chance para que a mesma possa conversar comigo. De jeito algum. Se tem alguma coisa que eu sei fazer é ignorar meninas que tentam ter relações comigo em busca de fama ou dinheiro.

Uma Vida Para Amar - Lia JonesWhere stories live. Discover now