Capitulo 17

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Luciana

Acordo animada, e agradeço aos céus, por não ouvir um barulho de galo cantar. Olho para o lado e vejo Ju deitada na cama. Parece estar ainda em seu segundo sono.

Ontem ela definitivamente não estava de bom humor. Aliás, já tem muitos dias que ela anda jururu. Fico observando-a dormir. E a olhando assim, dormindo agarrada neste urso, sujo e feio que ela não larga por nada, vejo o quanto ela agora parece apenas uma menina indefesa.

Lembro exatamente quando Juliana ganhou aquele urso. Claro que ele era lindo. Era bege, digo era, porque hoje está marrom, tamanho médio, tinha um laço no pescoço, digo tinha porque não tem mais. É, o tempo passou e Juliana assim como naquele dia, está grudada neste urso que ela chama carinhosamente de Nina!

Nina virou companheira de Ju desde que a ganhou. Dormia, comia, brincava e só não tomava banho com a Nina porque entendeu que se ficasse molhando a coitada, ela logo ficaria sem seu urso. Ela ganhou no Dia das Crianças. Dia esse que faço questão de esquecer. Era para ser um dia feliz. Mas para mim foi o pior dia da minha vida. Se é que posso chamar de vida aquilo que eu vivia.

Tinha só cinco anos, mas lembro perfeitamente daquele triste dia. Balanço a cabeça, respiro, procurando o ar para tentar esquecer. Levanto da cama olhando o relógio fixo na parede. Preciso me apressar para não chegar atrasada na clínica.

Posso dizer que estou muito feliz por poder ser agora oficialmente contratada da clínica. Está bem, você deve estar pensando. ― Que nada Luciana, sua felicidade tem nome, e não é clínica. ― Posso dizer? Você está certa. Realmente estou muito empolgada, e apesar de não saber como vai ser, tudo que quero é ver aquela "porta" do Daniel. Tão estressado e agitado, mas que não deixa de ser lindo e fofo.

Passo pela cama da senhora Juliana e dou uma puxada básica no pé dela. Acordar Ju é, e sempre foi muito difícil. ― Acorda, Juliana. Está na hora! ― Falo, puxando a coberta que a tampava até a cabeça. Não sei como ela consegue dormir assim. Eu não consigo, tenho fobia. Credo!

O caminho para o banheiro hoje foi espetacular. Como não tinha roupas espalhadas pela casa, consegui ir com muita tranquilidade. Realmente o presente da Ju, foi de muito bom proveito.

Faço toda a minha higiene matinal, e a única coisa que realmente me estressa é o cabelo, que insiste em não fazer o que quero. Aí tenho que morrer em um rabo de cavalo. ― Tudo bem, mesmo assim está ótimo! ― Digo para mim mesma.

Vou até a cozinha e preparo o café. A cada minuto que passa, sinto que tenho bolhas no meu estômago. Será que estou preparada para ver o Daniel? Isso está me enlouquecendo.

― JU... ANDA LOGO! VOCÊ VAI SE ATRASAR! ― Grito para Juliana, que agora aparece na cozinha correndo como se não houvesse amanhã.

― Lu, me atrasei. Por que não me chamou mais cedo? ― Pergunta Juliana, bebendo o café ainda saindo fumaça.

― Eu acordei, Ju! Você que não levantou. ― Digo, dando de ombros.

― Preciso ir. Tenho um projeto para apresentar hoje. Beijos. Mais tarde você me liga.

Juliana sai apressada e para variar, não comeu direito. Vou até meu quarto, dou uma conferida no espelho para ver se está tudo em ordem com meu visual. ― Não tem muito que melhorar aqui. ― Falo, balançando a cabeça e saindo em direção à minha bolsa que está em cima da cama.

O caminho até a clínica foi tranquilo. Claro, tirando o fato que novamente fui em pé no ônibus. Mas como já estou acostumada, foi tranquilo. A única coisa que esta me deixando ansiosa e realmente, a vontade que eu estou de ver o Daniel.

Seu sorriso  ( Degustação)Where stories live. Discover now