Bônus Felipe

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Arrepender- se é necessário.

O arrependimento é o sentimento que tem me matado aos poucos. Todos os dias me vejo tomado pela dor.

Depois de acordar e olhar ao meu redor sou invadido pela saudade. Saudade é um sentimento que nos invade e nos toma por completo. E não é só o estar perto para acabar com a saudade. É necessário sentir o toque, ouvir a voz, destilar o perfume, olhar nos olhos e descansar nos braços, para sanar de vez a maldita.

Hoje acordei desesperadamente com saudade da Juliana. Não consigo mais ficar calado. Ela precisa saber o que penso, o que sinto e o quanto estou arrependido.

Levanto-me da cama em um impulso tomado pela coragem e decidido falar com a marrentinha. Ela tem que me ouvir. Mesmo que ela tenha mil razões para não querer nem mesmo me ver.

Tomo um banho rápido, para não perder mais tempo, visto uma bermuda, e uma polo. ― Sei que minha marrenta gosta desse meu jeito despojado. ― Falo idiotamente olhando para o espelho. Olho no relógio, e vejo que ainda dá tempo para um almoço.

Em poucos minutos estou em frente à sua casa. Nunca fiz esse trajeto tão rápido.

Desço do carro apreensivo. Sei que não vai ser fácil, também sei que pode ser que nada se resolva hoje. Conhecendo Juliana como conheço, sei que ela não vai ceder fácil. Mas não quero nem saber. Ela vai saber o que eu quero dela. Vai saber que estou disposto a reconquistar sua confiança.

Meu coração acelera descompassado a cada passo que dou em direção à porta. E se ela não me ouvir? Não. Tenho certeza que ela vai me ouvir.

Toco a campainha com as mãos trêmulas. ― Droga, pareço um menino adolescente. ― Esbravejo, tamanho o meu nervosismo.

Fico parado olhando a porta fechada à minha frente. Passam-se segundos eternos, até que a porta se abra.

― Você? ― Vejo uma Juliana despenteada, com os olhos vermelhos, e meu coração se aperta ao concluir que ela estava chorando. E ainda assim, sua beleza não passa despercebida.

― Oi. ― Respondo em um fio de voz, porque tudo que há em mim, está totalmente descontrolado, tamanha a ansiedade. ― Você estava chorando? ― Pergunto, me aproximando e imediatamente me arrependo.

Juliana se afasta virando as costas para mim.

― Não. O que você faz aqui Felipe? Você sabe que a Luciana não está, portanto, não tem nada o que fazer aqui. ― Ela fala, ainda de costas para mim com os braços cruzados.

Se eu achava que ia ser difícil, agora tenho certeza. Acabo de entrar e fecho a porta.

― Ju, eu preciso falar com você. Você pode, pelo menos, me escutar? ― Pergunto, olhando a minha volta e observo a completa bagunça que está a casa.

― Felipe, não tenho nada para falar com você. E graças a Deus a Luciana não está aqui, assim não preciso ficar sorrindo. ― Ela fala ainda de costas, demonstrando raiva no seu tom de voz.

― A Lu chega amanhã? ― Mais uma pergunta idiota para minha coleção. Eu sei que ela sabe que eu sei que a Lu chega amanhã.

― É. Amanhã. ― Ela diz indo em direção à pia, que mais parece uma montanha de pratos. Começa a retirar uns e colocar outros. ― E se você me der licença, tenho uma montanha de pratos para lavar e uma casa para arrumar.

― É. Realmente está muito bagunçado. ― Falo, indo até a pia, aproximando-me dela e colocando minhas mãos em sua cintura. ― Posso ajudar você. ― Falo e ela se desvencilha de mim.

Seu sorriso  ( Degustação)Where stories live. Discover now