16. Altruísmo

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— Você é mesmo bom nisso — Yixing sorriu ao avaliar o trabalho que Yifan havia feito no carro de um dos clientes mais chatos da oficina.

— Eu tento. 

— Continue assim que ficará um bom tempo conosco, já pode ir hoje, já está tarde.

O Wu assentiu, sentindo uma grande satisfação em ser elogiado e se despediu dos demais. Flexionou os dedos de sua mão, sentindo a ardência do corte quase cicatrizado na palma, mas a dor em si eram das lembranças e não do machucado.

Subiu um sua moto, fazendo mesmo caminho dos últimos dias, não até o apartamento de Junmyeon, este havia sido devolvido ao dono na verdade, mas para a casa de Kyungsoo, onde dormia no sofá de forma permanente agora, já que o policial lhe ofereceu abrigo por temer deixá-lo sozinho depois do que aconteceu dias antes.

Abriu a casa com a chave reserva que recebeu, depois de parar rapidamente no mercado.

Andou em passos leves até a sala, não foi fácil, mas naquele dia em que acordou na cama de Kyungsoo, com cheiro de álcool e a roupa suja de sangue, percebeu que era o fim, o limite, o momento o qual precisava escolher se iria desistir de vez ou finalmente tentar.

O Wu lembrou dos gêmeos que viu de relance, pensou em como eles iriam crescer sem pais e teriam que aguentar, teriam que arrumar um modo de passar as datas comemorativas, de ouvir as histórias dos amiguinhos sem se sentirem errados, ou tristes, por não terem uma família tradicional. Então percebeu como estava sendo covarde.

Baekhyun, aquele homem que lhe olhou com tanto ódio, entendia-o perfeitamente.

Por que sobreviveu alguém tão lamentável e não seu irmão?

Yifan não queria mais ser esse ser desprezível e digno de pena, por isso aceitou a ajuda de Kyungsoo. Eles seguiram até a casa que pertencia a Junmyeon, e o Do viu as caixas prontas, entendendo o motivo para o desespero do maior, era sempre tão difícil dizer adeus.

Kyungsoo havia dado adeus a qualquer sentimento romântico a respeito de Baekhyun no momento em que decidiu abrigar o Wu, quando abriu sua casa e fez o que ninguém mais poderia fazer, cuidou dele.

Doeu como um inferno. Amou o melhor amigo por anos e anos, sempre ficou ao seu lado, fez o que era necessário e até aqueceu sua cama quando não havia ninguém mais, porém o policial sabia que era um sentimento unilateral, o amor do Byun por si era fraternal, talvez o desejo tenha o tomado algumas vezes, mas luxúria não é, e nunca seria, paixão.

Então o moreno aceitou aquele fim no momento em que mandou Chanyeol atrás de Baekhyun, ao invés dele mesmo tentar acalmar o Byun.

Ambos arrumaram o apartamento juntos, mandando para doação as roupas, para a faculdade os livros e guardando o que pertencia ao Wu, junto com algumas lembranças que ele precisava deixar consigo.

Deram adeus, juntos.

E desde então, no decorrer daqueles dias, vem convivido e se apoiando um no outro.

— Alguém em casa? — o maior quis saber, tirando o sapato na porta e seguindo até a sala.

O moreno parecia concentrado em algo, conversando baixo e de costas para si, então seguiu até a cozinha, não queria atrapalhá-lo, seja um problema do trabalho, seja algo pessoal. Pegou algumas coisas que comprou com o dinheiro que ganhou depois daquela primeira semana de trabalho.

Yifan sempre gostou de cozinhar e achou uma boa ideia agradecer o outro com um bom prato feito por si.

— O que está fazendo? — Kyungsoo quis saber, estava com casaco e roupa de sair, mas pegou uma xícara de café, seu maior amor.

Confusão em dobroOnde histórias criam vida. Descubra agora