14. Surpresas

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Kyungsoo passou por sua sala, puxando a coberta que cobria o rosto de Yifan, este resmungou com a claridade e o Do revirou os olhos, caminhando até a cozinha. O maior havia dormido em seu sofá, pois na noite anterior quando parou em frente ao prédio velho, o Wu travou, sentindo o peso de tudo que iria enfrentar se continuasse vivendo no passado, como um fantasma.

— Pode dormir lá em casa de novo, se quiser.

O Wu assentiu uma vez, então partiram sem falar nada.

Não era a primeira vez que acontecia, pois o Do havia percebido como era ruim para o outro ficar remoendo tudo que aconteceu, e morar no apartamento do seu falecido namorado não ajudava muito.

Tudo estava acontecendo rápido demais, e sem saber como, já havia se afeiçoado a ele, não queria mal ao grandão que tinha olhos sinceros e até, porque não, infantis, com toda aquela carência.

— Yifan, lembra do que eu te disse ontem? Levanta daí — gritou o dono da casa, o som vinha da cozinha e fez o convidado suspirar resignado antes de se levantar. Usava shorts e uma camisa do policial, que ficavam extremamente curtos em si.

— Como pôde ter conseguido uma entrevista no sábado?

— Tenho minhas conexões e é uma oficina, abre todos os dias.

O Wu assentiu uma vez, observando o Do que estava segurando uma caneca de café, em pé e apoiado no balcão da cozinha, muito seguro de si e de sua posição.

— Por que está fazendo isso?

— Eu vi que é bom com essas coisas, outro dia você consertou meu carro e vive fazendo essas coisas na sua moto e naqueles veículos adulterados dos rachas, não é? Nada melhor do uma vida honesta, usar suas habilidades da forma certa, é uma forma de recomeçar.

— Deveria ter desistido de mim já.

— E você deveria me odiar, não é? Depois de tudo, depois do que eu disse para você naquele bar, quando eu ainda o seguia por aí, mas aqui estamos nós.

— Eu não te odeio.

— Eu também não me odeio — brincou o policial.

— Você é um convencido. — o Wu revirou os olhos, pegando uma caneca de café para si.

— Confiante.

— E foi com essa confiança que arrumou um emprego pra mim.

— Uma entrevista, tem que estar lá em uma hora, é melhor não manchar minha reputação, garoto.

— Garoto? — Yifan riu baixinho, algo que não fazia há um bom tempo. — Eu acho que sou mais velho.

— Realmente — confirmou Kyungsoo, por já ter lido a ficha policial do outro. — Mas eu sou mentalmente mais evoluído.

— Está me chamando de infantil, então?

— Claro, você babou meu sofá todo, como um bebê.

Dessa vez Yifan riu com gosto, se assustando com o som rouco que escapou dos seus lábios, vendo o sorrisinho de lado e bonito de Kyungsoo.

Bonito.

Sim, o policial era muito bonito, agora que parava para realmente apreciar os lábios carnudos, os olhos expressivos, o formato do rosto masculino. Era sério, e até sexy com seu jeito de sabe tudo, não era algo que pudesse ter reparado antes, afinal, estava preso na própria dor. E talvez, inconscientemente, o menor começava a tirá-lo daquele quarto escuro e vazio em sua mente, o qual não conseguia enxergar nenhuma luz.

Confusão em dobroOnde histórias criam vida. Descubra agora