39 - Penúltimo

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Boa Leitura

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E ele riu de novo. Depois, voltou a ficar sério:

- De noite, sabe... não venha.

- Não vou deixar você.

- Vai parecer que estou sofrendo... ou até morrendo. Por isso, não venha ver, não valerá a pena...

- Não vou deixar você.

Mas ele parecia preocupado:

- É... também por causa da serpente. Não quero que ela morda você... As serpentes são más. Podem morder só por prazer...

- Não vou deixar você.

De repente, pareceu mais tranquilo:

- É verdade que elas não têm veneno suficiente para uma segunda mordida...

Naquela noite, não vi quando ele saiu. Escapuliu sem fazer ruído. Quando consegui encontrá-lo, ele andava com passos rápidos, decididos. Apenas disse:

- Ah! Você está aí...

E me deu a mão:

- Você fez mal em vir. Você vai sofrer. Vou parecer estar morto, mas não será verdade...

Fiquei quieto.

- Você compreende. É muito longe. Não posso levar este corpo comigo. É muito pesado... Ele ficará como uma velha casca abandonada. As cascas velhas nem são tristes...

Continuei quieto.

- Vai ser bom, sabe? Eu também vou olhar as estrelas. Todos elas serão como poços como uma roldana enferrujada. E todas me darão de beber... Vai ser até divertido!

E ele se calou também, porque estava com medo. Disse ainda:

- Você sabe... sou responsável pela minha flor! Ela é tão frágil, tão ingênua. Só tem quatro espinhos de nada para se proteger do mundo...

Então também me sentei. E ele ainda disse:

- Pronto... É só isso...

Ainda hesitou um pouco, depois voltou a se levantar. Deu só um passo.

Não houve nada. Só um brilhozinho amarelo perto do seu tornozelo. Por um instante, ele ficou imóvel. Não gritou. Caiu devagar, como tomba uma árvore. Nem fez ruído, por causa da areia.

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Me perdoem por qualquer erro.

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