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       "Minha flor está ali, em algum lugar..." Mas se um carneiro come essa flor, é como se todas as estrelas se apagassem de repente! E isso não tem importância!
       Ele não conseguiu dizer mais nada. De repente, começou a chorar. A noite tinha caído. Larguei as minhas ferramentas. Ri do meu martelo, do parafuso, da sede e do risco de morrer. Havia numa estrela, no planeta que era o meu, a Terra, um principezinho precisando de consolo! Eu o peguei no colo, o embalei e disse: "A flor que você ama não correra perigo... Vou desenhar uma mordaça para o seu carneiro. E uma proteção para a sua flor..." Não sabia mais o que dizer. Eu me sentia desajeitado. Não sabia como trazê-lo de volta. É mesmo misterioso o país das lágrimas!

                          🌹🌹🌹

       Aprendi logo a conhecer melhor essa flor. No planeta do pequeno príncipe, sempre existiam flores muito simples, com uma única fileira de pétalas, que não ocupavam muito espaço nem incomodavam ninguém. Elas surgiam de manhã em meio às ervas, e à noite já tinham murchado. Mas aquela, em especial, um dia germinou de uma semente que tinha vindo não se sabe da onde, e o pequeno príncipe passou a vigiar de perto aquele raminho que não se parecia em nada com os outros. Afinal, podia ser uma nova espécie de baobá. Mas logo o arbusto parou de crescer e dele começou a brotar uma flor. Assistindo à formação de um botão enorme, o pequeno príncipe pressentiu que dali sairia um verdadeiro milagre. Mas a flor não acabava nunca de se embelezar. Cuidadosamente, ela escolhia as cores. Vestia-se devagar, ajeitando cada pétala. Ela não queria aparecer toda amarrotada, como um cravo. Pretendia apresentar-se linda. Ah, sim, era uma flor muito vaidosa! Sua misteriosa toalete durou vários dias. Até que, certa manhã, bem na hora do nascer do sol, ela apareceu. E, apesar de ter se enfeitado tanto, disse bocejando:
       — Aaaah! Estou acabando de acordar... Desculpe-me. Ainda estou toda despenteada...
       Então, o pequeno príncipe não escondeu mais sua admiração:
       — Como você é linda!
       — Pois é — respondeu tranquilamente a flor. — E nasci no mesmo instante que o sol...
       O pequeno príncipe logo percebeu que a modéstia não era o seu forte. Mas ela era tão comovente! E disse a ele:
       — Acho que está na hora do café da manhã. Poderia ter a bondade de cuidar de mim?
       E o pequeno príncipe, todo sem graça, foi imediatamente buscar um regador com água fresca, e serviu a flor.
       Logo ela começo a atormentá-lo com a sua vaidade um tanto exagerada. Um dia, por exemplo, falando de seus quatro espinhos, explicou:

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