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Nem todo mundo teve um amigo. E posso me tornar como os adultos, que se interessam apenas pelos números. Também por isso comprei uma caixa de lápis e de aquarelas. Não é fácil voltar a desenhar na minha idade, quando tinha feito apenas aquelas tentativas da jiboia fechada e da jiboia aberta, aos seis anos de idade! Naturalmente, vou tentar fazer desenhos o mais parecido que puder. Mas não estou muito certo de conseguir. Às vezes, um desenho fica razoável, outro já não se parece tanto. Também posso me enganar um pouco no tamanho. Às vezes, o pequeno príncipe sai grande demais, noutras, muito pequeno. Mas, bem ou mal, aqui e ali vou tentando. Poderei me enganar em detalhes ainda mais importantes. Mas espero que me perdoem por isso. Meu amigo nunca dava explicações. Talvez achasse que eu era como ele. Mas, infelizmente, não sei enxergar um carneiro através de uma caixa. Talvez eu seja um pouco como os adultos. Devo ter envelhecido.

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A cada dia eu aprendia alguma coisa nova sobre o planeta dele, sua decisão de partir e a viagem. Isso ia acontecendo aos poucos, durante as conversas. Foi assim que, no terceiro dia, fiquei sabendo do drama dos baobás.
Mais uma vez, foi graças ao carneiro. De repente, o pequeno príncipe me perguntou, com ar preocupado:
— É verdade mesmo que os carneiros comem arbustos?
— Sim. É verdade.
— Ah! Isso me deixa contente!
Não compreendi. Mas ele continuou:
— Então quer dizer que eles também comem baobás?
Ponderei que os baobás não são arbustos, mas sim árvores enormes, e que, mesmo que ele levasse consigo uma manada inteiras de elefantes, eles não dariam conta de um único baobá.

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