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       No segundo planeta, morava um vaidoso:
       — Ah? Recebo a visita de um admirador! — exclamou o vaidoso ao ver o pequeno príncipe.
       Afinal, para os vaidosos, os outros são sempre seus admiradores.
       — Bom dia — disse o pequeno príncipe. — Você está usando um chapéu engraçado.
       — É para cumprimentar os outros — respondeu o vaidoso. — Para agradecer quando me aplaudem. Infelizmente, nunca passa ninguém por aqui.
       — Ah, é? — disse o pequeno príncipe, sem entender.
       — Bata palmas, recomendou o vaidoso.
       O pequeno príncipe bateu palmas. O vaidoso então agradeceu, erguendo o seu chapéu. "Este cara é mais divertido do que o rei", pensou o pequeno príncipe. E voltou a bater palmas. O vaidoso voltou a agradecer, levantando o chapéu.
       Depois de cinco minutos, o principezinho se cansou da monotonia dessa brincadeira.
       — É verdade que você me admira muito, não é? — perguntou o vaidoso.
       — O que quer dizer "admirar"?
       — "Admirar" significa reconhecer que sou o homem mais bonito, o mais bem-vestido, o mais rico e o mais inteligente do planeta.
       — Mas só tem você neste planeta!
       — Dê a mim esse prazer. Admire-me assim mesmo!
       — Eu o admiro — disso o pequeno príncipe. — Mas que diferença isso faz para você? 
       E o pequeno príncipe foi embora. "Decididamente, os adultos são muito estranhos", pensou durante a viagem.

                              🌹🌹🌹

       No planeta seguinte, morava um beberrão. Esta visita foi rápida, mas deixou o pequeno príncipe triste.
       — O que faz por aqui? — ele perguntou ao bêbado, que estava sentado em silêncio diante de uma porção de garrafas, umas vazias, outras cheias.
       — Estou bebendo — respondeu o beberrão, meio choroso.
       — E por que você bebe?
       — Para esquecer — respondeu.
       — Para esquecer o quê? — quis saber o pequeno príncipe, já com pena.
       — Esquecer que tenho vergonha — confessou o bêbado, baixando a cabeça.
       — Vergonha de quê? — perguntou o pequeno príncipe, querendo ajudá-lo.
       — Vergonha de beber! — concluiu o bêbado, voltando ao seu silêncio.
       E o pequeno príncipe foi embora, perplexo.
       "Decididamente, os adultos são muito, muito estranhos", foi pensando.

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