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      Assim descobri uma segunda coisa muito importante: que o planeta de onde ele vinha era só um pouquinho maior que uma casa!
      Isso não me surpreendeu. Afinal, eu sabia que, além dos grandes planetas, como a Terra, Júpiter, Marte, Vênus, que foram batizados com nomes, existem centenas de outros, por vezes tão pequenos que mal dá para enxergá-los num telescópio. Quando um astrônomo descobre um desses, ele apenas dá um número. Passa a chamá-lo, por exemplo de "asteroide 325".
      Tenho boas razões para acreditar que o planeta de onde veio o pequeno príncipe é o asteroide B 612. Esse asteroide foi percebido por um telescópio uma única vez, em 1909, por um astrônomo turco.
      Naquela época, ele fez uma importante explanação sobre sua descoberta, num congresso internacional de Astronomia. Mas ninguém acreditou muito nele, por causa das roupas deferentes que usava. Os adultos são assim mesmo...
      Para sorte da fama do asteroide B 612, e dei até o seu número, é por causa do adultos. Os adultos adoram números. Quando uma pessoa conta a eles que conheceu um novo amigo, eles nunca perguntam o essencial. Não perguntam, por exemplo: "Como é o som da sua voz? Que jogos ele prefere? Será que ele coleciona borboletas?" Eles só querem saber: "Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quantos quilos pesa? Quanto ganha o seu pai?". Somente ao saberem essas coisas eles fazem uma idéia desse novo amigo. Se alguém diz aos adultos: "Vi uma linda casa de tijolonhos vermelhos, com flores na janela etc.", eles não conseguem imaginar a casa. É preciso dizer: "Vi uma casa que custa mais de 200 mil". Então exclamam: "Deve ser linda!"
      Assim, se você disser a eles: "A prova de que o pequeno príncipe existiu é que ele era uma graça de garoto, ria bastante e queria um carneiro. Afinal, se alguém quer um carneiro, é porque existe" — então, eles não vão se importar e passarão a tratar você como criança! Mas se você lhes disser: "O planeta do qual ele veio é o asteroide B 612", aí ficarão convencidos, e não incomodarão mais com perguntas. Eles são assim mesmo. Não se deve querer o mal aos adultos por causa disso. As crianças precisam ter muita paciência com eles.
      Mas, claro, nós, que compreendemos a vida, podemos até rir dos números! Eu adoraria ter começado essa história como se fosse um conto de fadas. Assim:
      "Era uma vez um pequeno príncipe que morava num planeta pouco maior do que ele e que precisava de um amigo..." Talvez desse jeito ficasse parecendo muito mais verdadeiro.
      Na verdade, não gostaria que lessem superficialmente este livro. Fico muito triste ao lembrar de tudo isso. Já se passaram seis anos desde que meu amigo foi embora com o seu carneiro. Se procuro descrevê-lo aqui, é para não me esquecer dele. É triste esquecer um amigo.

Aaaaaae finalmente U.u

O Pequeno Príncipe Onde as histórias ganham vida. Descobre agora