O Pequeno Príncipe

5

Levei um bom tempo até entender de onde ele vinha. O pequeno príncipe me fazia muitas perguntas, mas nem sequer parecia ouvir as minha. Foi durante nossas conversas que, pouco a pouco, fiquei sabendo de tudo. Pó exemplo, quando descobriu o meu avião, ele perguntou:
— O que é aquilo?
— Não fale assim. Isso voa. É um avião. É o meu avião.
Eu estava orgulhoso de dizer que ele voava. Então, ele se admirou:
— Como? Você caiu do céu?
— Sim — respondi com modéstia
— Ah! Que engraçado!
E o peque príncipe teve um belo ataque de riso, o que me deixou bastante irritado. Gosto que as pessoas levem os meus problemas a sério. Depois, ele acrescentou:
— Então você vem do céu! De que planeta é você?
Percebi na hora uma luz no mistério da sua chegada, e perguntei de repente:
— Então você vem de outro planeta?
Mas ele não respondeu. Assentiu devagar com a cabeça, e continuou olhando para o meu avião:
— Bem, numa coisa dessas, você não pode ter vindo de muito longe...
Ele pareceu ficar sonhando durante muito tempo. Depois, tirou o meu carneiro do bolso e ficou admirando aquele seu tesouro.
      Vocês podem imaginar a minha surpresa com aquela quase confidência sobre "outros planetas". Então, me esforcei para saber mais:
     — De onde vem você, meu pequeno rapaz? Onde fica a "sua casa"? Para onde quer levar o meu carneiro?
      Depois de ficar pensativo, ele só comentou:
      — Legal! A caixa que me deu vai servir de casa para ele durante a noite.
      — Com certeza. E, se você for bonzinho, vou lhe dar também uma corda para amarrar o carneiro durante o dia.
      Isso pareceu horrorizar o pequeno príncipe:
      — Amarrar? Que idéia mais estranha!
      — Mas, se você não amarrar o carneiro, ele poderá ir sei lá para onde, e se perder.
      E meu amigo teve um novo ataque de riso:
      — Mas para onde você acha que ele poderá ir?
      — Não importa. Seguir em frente...
      Então o pequeno príncipe disse, bem sério:
      — Acho que não precisa, é tão pequeno onde eu moro!
      E, com ar meio triste, acrescentou:
      — Andando sempre em frente, ninguém pode ir muito longe...