Ah, pequeno príncipe, assim pude compreender, pouco a pouco, a sua vidinha meio triste. Por muito tempo, a sua única distração era assistir o pôr do sol. Fiquei sabendo disso na manhã do quarto dia, quando você disse:
— Gosto muito de ver os crepúsculos. Vamos ver um...
— Mas é preciso esperar...
— Esperar o quê?
— Esperar que o sol se ponha.
Você primeiro fez um ar surpreso, depois riu de si mesmo. Em seguida, disse:
— Sempre acho que estou na minha casa!
Todo mundo sabe, por exemplo, que, quando é meio-dia nos Estados Unidos, o sol já está se pondo na França. O horário do pôr do sol varia na Terra. Mas, no seu planetinha, bastava o pequeno príncipe empurrar um pouco a cadeira onde estava para ver o sol se pôr toda vez que quisesse...
— Um dia, vi o sol se pôr quarenta e quatro vezes! — disse ele. E acrescentou:
— Você sabe... quando a gente está muito triste, gosta de ver o pôr do sol...
— Naquele dia, você estava tão triste assim?
Mas o pequeno príncipe não respondeu.🌹🌹🌹
No quinto dia, graças ao carneiro, como sempre, outro segredo da vida do principezinho me foi revelado. De repente, ele me perguntou, como se falasse de um problema sobre o qual andou pensando muito tempo:
— Se come os arbustos, um carneiro come as flores também?
— Um carneiro come tudo o que vê pela frente.
— Até mesmo as flores que têm espinhos?
— Sim. Até essas.
— Então os espinhos servem para quê?
Eu não sabia. Naquele momento, eu estava muito ocupado em soltar um parafuso apertado demais no motor do avião. Já estava preocupado porque o defeito parecia grave, e a água para beber já estava acabando, o que me fazia temer o pior.
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O Pequeno Príncipe
FantasyAutor. Antoine de Saint-Exupéry Tradução e Adaptação. Leila Villas Ilustração. José Márcio Nicolosi Editora. Girassol Maurício de Souza Começada:21/11/2016 14:09 Terminada: Em andamento