Bryan saiu cedo, me deixou um bilhete na geladeira e fez o café. Sei que foi para compensar por ele ter ido embora após passar a noite comigo. Eu não deveria me sentir mal, já que não é a primeira vez que acontece. Talvez eu esteja assim porque acreditei na promessa de que haveria mudança. Deixa ele, vou lhe dar corda, pois saberei a hora certa de lhe enforcar. Nossa! Isso soou tão louco. E por falar em loucura, melhor eu ir trabalhar.

Acabei de chegar no hospital, falei com as recepcionistas e segui em direção a minha sala.
Encontro um dos enfermeiros-chefe.  Ele se chama Ruan e trabalha aqui a anos e é muito amigo do meu pai. porém, não vou com a cara dele. Sempre querendo bancar o sabichão.
- Bom dia! doutora. Tenho que admitir que as mudanças teve um impacto positivo. Porém, isso não vai mudar em nada o comportamento dos pacientes mais perigosos. E você sentiu na pele o quanto dar liberdade a eles pode ser perigoso.-  Ó encaro  muito séria e sei bem onde ele quer chegar com essa conversa.
- Pode me achar nova e incompetente, mas quero que entenda que não estou aqui para lhe provar nada ou a ninguém. Cuide de cumprir suas tarefas e deixe que dos meus pacientes cuido eu...com licença. - Lhe dou a costa e sigo meu caminho. E que homem mas insolente.

Estou na sala de desenhos, trouxe todos os pacientes esquizofrênicos para vir exercitar o cérebro de outra forma e nada melhor que a arte para eles poderem se encontrarem dentro da própria cabeça. Sei o quanto é importante as vezes a gente expôr o que habita em nossos pensamentos...nossos medos, alegrias, sonhos e várias outras coisas...tenho certeza que vai ajudar.

Terminei de orientar a enfermeira Cláudia e segui para as outras alas, cheguei na que a maioria dos médicos e enfermeiros temem. A ala LP. Os médicos que trabalha aqui a mais tempo que a batizaram assim, significa " Loucos Perdidos" eu não concordo. Acredito na reabilitação e se estudei e me especializei nessa área foi para fazer o meu melhor.

Entro na minha sala e sei que atenderei dois pacientes dessa ala hoje.

Arrumo minha mesa e me sento em minha poltrona, analiso os prontuários, o primeiro que vejo é a do senhor Adrian Lianov. Sua ficha criminal extensa. Já havia lido sobre ele. E depois de me atacar no banheiro, fiquei ainda mais curiosa sobre quem é esse homem? E porquê tanta agressividade? Não obtive muita coisa. Ele é um enigma que eu quero desvendar.
- Esperando por mim... Doutora?-  me assusto ao ouvir a porta abrir de vez, viro na direção dela e já era de se esperar ele se exibir.
- Desculpa, doutora...ele abriu de vez...
- Não precisa dizer mais nada...só traga ele até aqui e espere do lado de fora.- respiro fundo e sua risada sinica me irrita.
- Bom dia! Senhor Lianov. Estava esperando o senhor e espero que dessa vez não precise me machucar...meu desejo é simplesmente ajudá-lo.- Falo o mais séria possível, ele abaixa a cabeça com um sorriso debochado e encara as algemas em sua mão. Agora posso reparar melhor na sua fisionomia. Ele é um homem de um porte bastante forte, seu cabelo foi raspado aqui na clínica. Pude ver lá no banheiro que seu corpo é coberto por tatuagens que até na cabeça têm...um perfil clássico de homem que tem uma personalidade desafiadora, que gosta de demonstrar coragem e força.
- Eu peço desculpa pelo meu comportamento nada normal, não costumo ser tão rude com uma mulher tão linda.- Ele volta me encarar, mas sem tirar o sorriso do rosto. Noto seu olhar frio e distante. Suponho que esteja maquinando coisas que eu não iria gostar de saber.
- Sejamos honestos um com o outro, quero que seja você mesmo sem máscaras, não pense que vai me enganar se fingido de bom moço...vamos senhor Lianov me fale um pouco sobre você, tenho certeza que é um homem com bastante história para contar.- ele me analisa do pé a cabeça e se recosta no sofá. Confesso que seu olhar penetrante intimida uma parte de mim.
- Não precisa me chamar de senhor, e não estou usando máscaras, só quis ser educado...ahh doutora o que mais tenho é história para contar, mas só Billy têm intimidade para me conhecer tão profundamente...só confesso meus segredos aqueles que nunca poderão falar...o que não é o seu caso... já que tem uma bela boca carnuda e fala muito bem.- Fico confusa. Quem é Billy?
- Entendo perfeitamente seu ponto de vista, é justo você não querer contar a quem você não têm intimidade a sua história, mas não me veja como uma estranha e sim como uma amiga disposta a te ajudar, e esse Billy trabalha aqui? Posso pedir para que ele participe das suas consultas e...- Ele começa a rir alto, permaneço séria.
-...O que é tão engraçado? Me fale sobre Billy já que tem tanta intimidade com ele.- Falo em um tom de insinuação e o vejo ficar sério e com um semblante frio.
- Está me estranhando, doutora!? Billy não é um homem! Eu não gosto dessa fruta se é o que está pensando...prefiro doutoras ousadas e de língua Atrevida.- Me assusto com baque das algemas na mesa ele se apoia e se inclina para frente ficando a poucos centímetros do meu rosto. Ouço a porta abrir e o enfermeiro entrar assustado.
- Está tudo bem, doutora? Eu ouvi um barulho...- Encaro o enfermeiro com a arma de choque na mão e volto a olhar para ele.
- Obrigada por se preocupar, mas está tudo sob controle...não é, senhor Lianov?- Ele não deixou de me encarar um segundo, e se afasta lentamente voltando ao seu lugar e o enfermeiro sai.
- Na sua ficha diz que você foi diagnosticado com psicopatia e sociopatia, porém são casos distintos, mas quem tem correlações...me fale sobre como se senti em relação a ter tantos homicídios em seu nome e o que te levou a realizar esses crimes.- Talvez eu já saiba a resposta, mas quero ouvir dele e conhecer melhor o que se passa em sua mente, que sem dúvida é de alguém com muitos traumas...a maioria dos transtornos mentais se dá por traumas de infância, pressão psicológica e vários outros fatores que estou curiosa para descobrir.

Oi amores 😍

Quem está curiosa para saber mais sobre esse doido lindo.💁🙋😁

Insano- Entre o Amor e a Loucura. *Série Amores Tatuados*- Livro 2Where stories live. Discover now