Capítulo 4

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A noite passou num borrão e na manhã seguinte, Camila fez mais uma refeição sem nenhuma companhia. Uma carta do seu advogado solicitando sua presença na capital seria uma boa notícia para Lauren, e essa verdade machucou o seu peito profundamente. Duas batidas à porta e então ela entrou.

— Bom dia — disse Camila. — Você não vai tomar café?

— Estou sem fome — Lauren respondeu.

— Essa tarde irei à capital resolver alguns assuntos. Você não gostaria de me acompanhar? Assim poderia se distrair um pouco conhecendo...

— Não, obrigada — ela a interrompeu. — Faça uma boa viagem.

A indiferença de Lauren começava a desnudar uma série de coisas nas quais Camila não queria pensar. Incapaz de suportar a frieza das palavras que saíam daquela linda boca, ela se girou, abriu a porta e saiu.

...

— A patroa já está indo para a capital. A senhora não vai se despedir dela? — indagou Normani, enquanto limpava o quarto de Lauren.

— Já nos despedimos — disse ela. — Mani, você poderia me mostrar a casa?

— Nossa, tem mais de uma semana que a senhora está aqui e ainda não conhece a casa? — murmurou Normani, pigarreando no momento em que Lauren cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha. — Quero dizer, claro, senhora. Mostrarei com todo o prazer.

Embora estivesse acostumada à riqueza, a fazenda de Camila era igual às que eram descritas em muitos dos livros que ela lera ao longo de sua vida. A primeira vez que entrara no quarto, seus olhos, apesar de cansados, não deixaram de captar a beleza harmônica dos móveis importados de Paris.

— Essa é a biblioteca, senhora — a voz de Normani interrompeu seus pensamentos.

— É incrivelmente linda — ela falou, encantada com a quantidade de livros, mapas e até pergaminhos muito bem organizados. — Não sabia que a sua patroa gostava tanto de ler.

— Não sei se a patroa gosta de ler porque ela passava poucos dias aqui na fazenda. Só sei que ela pediu que arrumassem a biblioteca para a senhora.

— Para mim?

Ela arqueou as sobrancelhas parecendo chocada com aquela afirmação. Então voltou a atenção para uma outra porta depois que Normani assentiu. Agarrando a maçaneta, ela a girou e forçou o remate de madeira, mas a porta se encontrava trancada.

— Por que não abre?

— Porque só a patroa entra aí.

— Por quê?

— Geralmente quando ela quer ficar sozinha, ela se tranca aí.

Depois de mostrá-la toda a casa, Normani a conduziu para fora, para além dos portões de entrada e do pátio, onde um amplo gramado repleto de árvores exuberantes, adornava toda a casa grande com flores de variadas cores e perfumes inimagináveis. Ao longe, o sol que brilhava tremulamente sobre a grama transmitia a Lauren uma sensação de paz, mesmo que apenas por alguns instantes.

— É maravilhoso — disse ela.

— A patroa gosta muito da senhora — comentou Normani. — Esse jardim não era tão bonito porque ninguém se importava com ele. Mas a patroa pediu para que fosse bem cuidado porque a senhora gostava de flores.

Foi então que Lauren se deu conta de que aquela fazenda nada mais era do que o resultado das perguntas que Camila fizera em sua última visita. As cores da casa grande, os livros impecáveis, as flores perfumadas do jardim. Eram as suas respostas por todos os lados.

O Preço do Amor Where stories live. Discover now