Capítulo 50 - Fotos

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Chorar não adiantava, gritar não adiantava... Nada adiantava naquele momento. Nada me garantiria a liberdade.

-Está na hora do jantar. - A voz ressoou nas paredes vazias, ecoando. Perguntei-me se era assim que se sentiria um peixe num aquário e prometi a mim mesma que nunca teria um.

- Não quero. - Informei de forma inexpressiva. Não sabia quanto tempo passara desde que estava ali. Provavelmente algumas horas. Mas o tempo é relativo quando somos raptados e trancados num quarto sem nada.

Tanto branco fazia-me doer os olhos, por isso mantinha-os fechados ou semicerrados. Talvez fosse ficar cega com o passar do tempo. Isso se não morresse à fome ou sede primeiro.

Abriu-se um buraco na parede e empurraram um tabuleiro para a sala onde estava. Senti o cheiro da comida e o estômago roncou, mas não podia dar-me por vencida. Tinha fome, mas não tinha vontade de comer.

- Come. - A voz outra vez. Autoritária.

- Não. - Encolhi-me mais, sentindo um ardor na garganta que me indicava que estava à beira das lágrimas. No entanto sentia os olhos secos. Era apenas aquele desconforto estranho de quando se está prestes a chorar.

- Se não comeres vai ser pior para ti. - Levantei a cabeça, ostentando uma expressão de quase desafio. Pior? Não me façam rir... - Juro-te que vou aí bater-te.

- Vem. - Sussurrei. - Bate-me. Mata-me. Não importa.

Uma gargalhada cruel fez-se ouvir, rodeando-me como uma nuvem negra que decidiu cobrir o sol. Por estranho que pareça, o som não teve efeito em mim.

- Não sejas parva, rapariga. Quero usar-te para atingir algumas pessoas que odeio mais do que te odeio a ti. És apenas um mero objeto sem valor. - As palavras eram duras e cruéis, mas eram estranhas e quase incongruentes para mim. Como o meu rapto atingiria alguém? Como uma existência que significava nada, de repente significaria alguma coisa? As suas palavras não faziam muito sentido...

- Como me vais usar se não tenho valor? - Não consegui conter-me.

- Simples... Por mais que não valhas nada, há pessoas que não gostam de ver o sofrimento alheio. Assim, mato dois coelhos com uma só cajadada. - Fez-se silêncio. - Não vais comer? - Acenei negativamente com a cabeça. Já percebera que ele me observava o tempo todo. - Sendo assim, vou aí.

antes de eu ter tempo de dizer alguma coisa, ouvi um ruído de spray. Percebi que havia um fumo branco a espalhar-se no ar e temi o que aquilo me poderia fazer... Comecei a perceber quando os olhos começaram a fechar-se lentamente. Estavam pesados demais e não conseguia mantê-los abertos mais tempo...

...

...

...

Quando abri os olhos doía-me a cabeça. Comecei a mexer-me lentamente e percebi que me doíam os braços também... Olhei para mim e percebi que tinha a camisola rasgada, como se a tivessem puxado com força. Estremeci... O que aquele nojento me teria feito enquanto dormia? Parecia que só me doía a parte superior do corpo o que era um alívio de certa forma. Tinha os braços cheios de nódoas negras e vergões da roupa estar puxada, via-se uma parte do meu sutiã entre os pedaços de tecido intactos. Doía-me mesmo muito a cabeça... Levei a mão à testa e tirei-a sentindo o sangue nos dedos... Olhei para o sítio onde tinha estado deitada e havia sangue por todo o lado. Parecia que ele se tinha divertido a bater com a minha cabeça no chão.

Tentei levantar-me, mas começou tudo a andar à roda. Arrastei-me até uma parede e encostei-me a ela para conseguir manter-me sentada... Sentia-me muito mal. Parecia que estava prestes a vomitar, mas não tinha nada no estômago para deitar fora. Respirei fundo e controlei o refluxo.

- Como está a bela adormecida? - A voz soou alta demais, estava farta daquilo. Mantive-me calada. Respirei fundo mais algumas vezes até ouvir o barulho de algo a arrastar-se.

Olhando à volta percebi que tinham atirado uma envelope castanho para dentro da sala. Arrastei-me até lá e abri-o com curiosidade. Estava cheio de fotos minhas. Fotos de eu a andar na rua, a comer na cantina, etc... Mas tinha fotos minhas naquela sala... Tinha fotos do que ele me tinha feito. Ele a bater-me e a rasgar-me a roupa... A atirar-me ao chão. Eram fotos muito violentas e em nenhuma dava para ver quem era o agressor. Mas eu sabia quem era. Eu sabia.

Era nojento ver aquilo que mais amava no mundo, a fotografia, a ser utilizado dessa forma vil e cruel. Senti a língua espessa e ressequida.

- Gostaste? - A voz interrompeu o silêncio. - Pessoalmente acho que ficaram excelentes. - Continuei sem dizer nada, guardando as fotos no envelope e deixando-o onde o encontrara. Arrastei-me até à parede para me encostar outra vez. - Já enviei uma cópia.

- Para quem? - Perguntei, imaginando a reação da pessoa que receberia aquelas fotos. Eu tinha vergonha de ser vista naquelas condições, mas não tinha poder de escolha.

- Para os teus queridinhos. - Aquelas palavras fizeram o meu coração falhar uma batida. Ele enviara aquilo para os BTS? A sério? Não podia querer... Era humilhante e sabia que eles não poderiam fazer nada. Aquilo ia apenas enervá-los e desconcentrá-los do seu objetivo principal. Provavelmente  era essa a ideia daquele monstro em forma humana.

- Não vais ganhar nada com isto. - Sussurrei, sentindo-me muito fraca até para falar.

- Já ganhei, querida. - Ele riu-se, fazendo inveja a qualquer vilão dos filmes de terror. - Não há nada mais satisfatório que ver-te assim. Oh, quer dizer... até que há! - Fez uma pausa dramática que me deu vontade de revirar os olhos. Mas até esse movimento fazia a minha cabeça latejar. - O melhor foi receber a resposta deles.

O meu coração acelerou. Resposta?




Alguém tem alguma teoria sobre quem seja o raptor?

BTSinhos e um miminho (Quero um sleepy Tae só para mim... Coisa mais fofa!)

 Coisa mais fofa!)

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Somos Perfeitos (BTS)Where stories live. Discover now