Capítulo 22 - Número privado

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- Começa pelo princípio, claro. - Pediu ela.

- Sim. - Suspirei, tentando reunir os pensamentos e a coragem. - Bem, em primeiro lugar tenho de te dizer quem é... Percebi que reduziste as hipóteses a três membros, certo?

- Sim, é o Jungkook, o Taehyung ou o Jimin. - Disse ela calmamente, mas com um tom expectante.

- Podias ter ido por exclusão de hipóteses e tinhas percebido. - Ri-me, percebendo que colocando as coisas nestes termos era muito fácil de interpretar.

- Eish! Verdade! Nunca tinha pensado nisso. - Sabia que ela tinha batido com a mão na testa do outro lado da linha porque ouvi o "baque". - É óbvio que é o rapaz vulcão.

- Sim. Ele mesmo. - Suspirei mais uma vez.

- Mas porquê? Mal falavam mesmo estando na mesma sala. Quer dizer... a verdade é que não falavam, mas ele no início estava sempre a olhar para ti.

- Falávamos o necessário. - Olhei para o céu, pensativa. As nuvens de chuva tinham-se dispersado completamente como se nunca tivesse chovido. - Acho que ele causou impacto em mim desde que nos conhecemos. Fisicamente, claro... mas também no meu coração. Sempre achei que ele andasse a brincar com o meu psicológico. Ainda hoje acho. Nisso ele está exatamente igual.

- Mas afinal porque descobriste que o amavas de um dia para o outro. Lembro-me que foi só no segundo ano que confessaste estar apaixonada. - A voz da Hyunah tranquiliza-me de certa forma. Sabia que ela era minha amiga e que gostava de mim. Mas também sabia que ela ia ficar desiludida.

- Bem, é aqui que tenho de te contar outra coisa. - Parei à frente do edifício do dormitório para terminar a conversa, não querendo ir para o quarto e correr o risco da Iseul ouvir a conversa. - Eu já dei o meu primeiro beijo.

- O quê??? Mas porque nunca me disseste? Eu contei-te tudo... - Ela parecia magoada comigo.

- Desculpa... Eu não contei porque senti-me a pessoa mais burra e estúpida do mundo por causa desse beijo. - Respondi, sentindo a garganta apertar-se e uma pressão nos olhos.

- Foi assim tão mau? - A sua voz estava hesitante, como se temesse perguntar-me. Como se temesse que eu começasse a chorar. A verdade era que pouco faltava.

- Não. O beijo foi ótimo. - Ri de forma fraca. - Foi uma das melhores sensações da minha vida. - As lágrimas começaram a escorrer devagar. - Mas ele beijou-me do nada, mexeu comigo de uma forma que nunca ninguém tinha feito... Foi como se o meu cérebro tivesse sido reiniciado naquele momento. Tudo o resto na minha vida perdeu o sentido. Mas ele nunca mais me falou. Nunca mais olhou para mim duas vezes. Talvez isso para ti não signifique nada, mas eu senti-me tão estúpida. Senti como se de repente tivesse ficado sem gravidade e não tivesse nada para me prender na terra. - Solucei, chorando mais intensamente. As pessoas que passavam na rua olhavam para mim com expressões de pena e de vergonha alheia. No entanto, não conseguia conter-me. Toda aquela angustia tinha estado trancada dentro de mim e as emoções que vivera recentemente tinham destrancado tudo.

- Não chores... - A Hyunah parecia atrapalhada, sem saber o que dizer para me consolar. - Não fazia ideia do quanto o amavas... O meu sentimento ao pé do teu é uma migalha. - Comentou ela, surpresa.

- Não menosprezes o que sentes. Sei que amas o Yoongi também. Com a tua própria forma de amar. - Respondi, limpando as lágrimas com a mão.

- Sim. Embora também nunca tenhamos falado grande coisa. - Suspirou.

- Tivemos azar. Eles já sabiam que seriam ídolos e por isso não quiseram envolver-se connosco. - Expliquei, já muito mais calma, mas ainda a fungar um pouco. - Acho que o Yoongi pensou nos teus sentimentos ao não se aproximar de ti, mesmo estando interessado. O Jimin... ele nem pensou em mim. Só me usou para se divertir. Essa é a realidade dura e crua. - Percebi que estava a ficar deprimida outra vez e que a Hyunah também estava a sentir-se triste por mim, mesmo não a estando a ver naquele momento. - Mas não vamos mais pensar nisso... Queres rir-te?

Somos Perfeitos (BTS)Kde žijí příběhy. Začni objevovat