Capítulo 24

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              Sete meses passaram-se desde que Margareth era considerada uma mulher desquitada, uma vergonha para uma sociedade radicalmente rigorosa em seus costumes e pomposidades, mas isto não parecia realmente a tornar menor diante dos fatos. Diego talvez sentisse um pouco da culpa em seus ombros, pois era sua culpa por ter imposto aquele casamento tolo a ela. Não a via também desde sua viajem, e há alguns dias Alicia lhe mandara uma carta dizendo sobre o retorno de Margareth a Inglaterra, a Londres, mas tão pouco ele estava em Londres, e com este novo fato, pensou em não estar por muito mais tempo. Todos os boatos sobre o duque e sua... Bem, tentou esquecer. Não importava mais. Olhou o verde resplandecente dos campos a sua frente, muito longe do tumulto e burburinho da capital e muito longe de sua cidade natal. Respirou fundo.

           Os Griffithis preparavam um grande evento, um baile nas dependências do teatro com direito a uma boa dezena de atores. Dezenas de bebidas chegavam, e empregados bem trajados andavam a todos os lados arrumando o ambiente. Mesas fartas com saborosas frutas eram preparadas com esculturas deliciosas de delicadas. Mariah não podia conter seus ânimos, e corria a todos os lados dando ordens desmedidas, mal podia respirar. Amy a pegou pelos ombros em um momento e a fez conter-se, ao que ela tentou relaxar, é claro sem muito êxito, sua pele sempre tão clara quanto a neve tingiu-se de um vermelho de furor que não havia como disfarçar.

           Algumas belas atrizes cantavam ao som do piano de Margareth, que havia sido convidada pelo belo Nathan que apreciava a tudo muito satisfeito enquanto pessoas dos mais diferentes tipos e das mais diferentes culturas entravam pelas grandes portas do teatro.

          Margareth ria, tendo o braço envolvido ao do Duque, seu rosto, embora fosse um gesto de fórum intimo se escondeu ao paletó do homem, que parecia tão alegre com seus olhos brilhantes quanto ela, presos em algum tipo de bolha absurdamente densa no meio de uma multidão de rostos desconhecidos e alguns familiares. Diego tinha as mãos frias, pois sabia que era inevitável evitar encontros, meses haviam se passado já, mas quando passou pela porta, seguiu pelo salão e virou seu rosto e viu a cena, sua alma petrificou, e por um momento seus olhos tingiram-se de vermelho, e suas mãos se espremeram, planejava socar aquele homem até que desfalecesse no chão como um saco. Respirou fundo, mais do que podia, até seus pulmões doerem, e quando ela olhou, seus olhos tornaram-se mais brancos, até então empedrarem como cristais e saiu, pois, naquele momento se perdia um pouquinho de si.

— Está bem minha cara Margareth? Parece tão pálida. — Questionou o duque com ar preocupado.

— Não, não é nada. Estou bem, acho que foi o vinho, não sei. — Respondeu de modo rápido tentando sorrir a ele. Olhou para os lados vendo pessoas a encara-la, a ela e ao duque. Sentia a atmosfera pesada e densa desde que voltara de Londres e tentava lidar com burburinhos perturbadores sobre ser amante do duque. Colocavam-na como uma imoral, uma mulher sem qualidades e respeito, e era fato que talvez jamais pudesse algum dia voltar a tocar para o público tendo em vista que nem Griffiths a queria contratar, não pela sua reputação, mas por que segundo ele era melhor dar um tempo para a sociedade respirar e refletir, pois mesmo com a melhor recomendação de seu concerto o teatro certamente estaria vazio em sua apresentação. Claro que tudo isto se tratava de uma tremenda injustiça.

— Mulherzinha barata. — Passou uma condessa tossindo fingidamente por ela, e lhe deu um esbarrão fazendo o conteúdo amarelado de sua taça voar até o vestido esverdeado da Mrs. Woody que abriu os lábios surpresa.

— Cuidado. — Pediu o duque.

— Sinto muito. — E um sorriso irônico atravessou o rosto da mulher antes de ela partir.

— Não posso! — Disse Margareth angustiada, antes de rápida partir para longe do seu acompanhante que a seguiu de modo preocupado.

              A um lado estava o casal Woody, Mr. Heath e Mrs. Aurora, com seus rostos tão tipicamente fechados. Aurora mais que o marido, claramente parecia irritada, apesar de muito de sua beleza, seus ares de mau humor a deixavam menos atraente aos olhos. Ao redor deles seguiam conversas muito animadas que muito pouco os comovia.

Laço de cetimWhere stories live. Discover now