Capítulo 14

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Fosse porque minhas amigas estavam comigo, por ter o meu primeiro namorado ou por qualquer outro motivo, eu estava me sentindo extremamente confiante e forte. Eu podia matar o rei hoje mesmo.

O céu agrupava conjuntos de pontos brilhantes acima de nossas cabeças e nós caminhávamos cuidadosamente em fila indiana até a casa dos Clarke. Eu estava ansiosa pelo meu primeiro treino de verdade com a presença de Lizzie e Laura, sem tentativas inúteis de Vowerismo, eu esperava. O ar frio roçava o meu corpo erguendo cada um de meus pelos sensíveis. Depois de alguns instantes caminhando nós avistamos a casa maior, se destacando das pequeninas casinhas inacabadas. Assim que atravessei a barreira desfiz o feitiço.

− Liberdade!!! – exclamou Lizzie. Laura se virou contra ela, furiosa.

− Shiii!!! Só porque não somos ouvidas e nem vistas não precisa abusar!

Ela pareceu nem ouvir e bateu forte na porta enquanto seus cabelos dançavam em suas costas como macarrão no garfo. O motivo de tanta animação tinha a ver com o seu encontro próximo com um garoto uma grade acima da nossa.

Uma Kenzie desanimada abriu a porta e nós entramos rapidamente. Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa a ela, vi que Neil esboçava uma expressão horrenda de cansaço com dois círculos roxos sob os olhos. Aparentava ter dez anos a mais desde a última vez. Ainda usava os trajes de Cuidador e veio apressadamente em minha direção.

− Neil...

− Olá Melissa. – a sombra de um sorriso cruzou o seu olhar quando ele disse o meu nome.

− O que há de errado?

Ele não respondeu imediatamente. Juntou as sobrancelhas, forçou os lábios em uma linha dura e disse:

− Os outros estão no porão na ala das espadas. Juntem-se a eles e eu explicarei tudo.

− Mas...

Ele lançou um olhar significativo para Laura, que segurou o meu braço e me puxou pela sala. Lizzie disparou à nossa frente.

− Vamos. – ela disse baixinho. – Alguma coisa muito séria está acontecendo.

− Do que você está falando?

Agora nós já descíamos as escadas de acesso ao porão, localizadas na cozinha. Eu podia ouvir claramente o som de feitiços vindos da sala de estar.

−Neil está preocupado. Nós devemos fazer o que ele disse e ele nos dirá o que puder.

− Por que eles estão fazendo feitiços?

Nós paramos um momento, faltando apenas três degraus para o fim da escada. Laura se virou para mim.

− Melissa, preste atenção. Eu tenho certeza que o Neil tem fortes razões para nos receber desta maneira e ele e Kenzie devem estar reforçando os feitiços de proteção, já que eles acreditam que a casa não é totalmente segura.

A casa tinha a poderosa proteção de uma bruxa centenária. Mas eu também desconfiaria se tratando de um rei tirano.

A ala das espadas era um compartimento grande separado da sala onde eu pratiquei Vowerismo. Se fosse em outro momento eu brigaria com Neil por nunca ter me mostrado esta parte da casa. A iluminação era a mesma, uma luz fraca avermelhada e a parede frontal, que devia medir uns cinco metros de comprimento por três de altura agrupava espadas em toda a sua dimensão. Em prata, em ouro e bronze, espadas grandes e pequenas, todas reluzentes, isso aqui parecia mais uma loja de espadas! Algumas exibiam jóias encravadas em suas bases, rubis, esmeraldas, diamantes, ametista, turmalina, cristal, e outras tantas que eu não reconhecia. O valor destas peças deveria ser incalculável.

AuroraWhere stories live. Discover now