Capítulo 13

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  Eu tinha certeza que o Sr. Hooper me olhava de um jeito especial, e como eu não era uma aluna brilhante, isto deveria ter relação direta com Janish. No fundo eu adorava isso. Ele começou a explicar a matéria de álgebra de novo e eu tive que me esforçar para prestar atenção, pois havia faltado à aula anterior e as explicações de Laura não faziam sentido para mim. Mas mesmo estando concentrada, parecia que o Sr. Hooper falava outro idioma. Janish estava sentado à minha frente no canto esquerdo da sala e eu podia perceber que ele estava inquieto pelo modo como se movia inconstante na cadeira. Balançava a caneta deixando-a bater no caderno produzindo um som irritante e outras vezes, balançava um ombro. Eu não sabia como podia ter certeza, mas alguma coisa o preocupava.

Quando estava na metade da aula, eu notei a sua mão esquerda estendida para trás com um papelzinho entre os dedos. Oh, outro bilhetinho...

Eu peguei cuidadosamente e depositei-o em cima do meu caderno aberto disfarçando o quanto podia. Mas não escapando do olhar de águia de Lizzie, que transmitiu a informação para sua irmã e para Tiffany. Isso não era nada legal.

Estava escrito numa caligrafia cuidadosa:

"Seria incômodo me encontrar no jardim após a aula?"

Meu coração quase derreteu. Eu não podia acreditar... Escrevi rapidamente com a minha caligrafia quase rudimentar:

"Sua companhia não é um incômodo, é uma honra. Agora tente relaxar para que eu possa me concentrar na aula."

Seus dedos roçaram os meus quando eu entreguei o bilhete de volta. E ele se acalmou mexendo apenas uma ou duas vezes casualmente pelo resto da aula. Seu cabelo estava magnífico, os pedaços de ombros visíveis acima do encosto da cadeira... que aula eu disse que estava mesmo?

Nós andamos pelo jardim e pelas adjacências do colégio de mãos dadas, como se fôssemos um casal perfeito e feliz, e eu estava torcendo para que esse meu pensamento se tornasse real. Eu ia conseguir, eu tinha certeza. Conciliar a organização com a escola e com Janish. Eu o amava tanto... como nunca havia amado nenhum garoto, eu nunca sequer havia gostado de um garoto antes. Eu não podia imaginar a minha vida sem ele, eu não suportaria de modo algum.

Paramos em frente ao portal mágico e sentamos no banco cinza prateado.

− Então eu estava incomodando você na aula? − ele perguntou instantaneamente me surpreendendo.

− Um pouco. − murmurei desconcertada. − Você não parava de se mexer e eu ficava me perguntando o motivo. Isso acabava me distraindo.

− Desculpe. − de repente o seu olhar se tornou sombrio.

− Não, por favor, não precisa se desculpar. − eu apertei involuntariamente a sua mão e ele retribuiu com ternura, me olhando com lindos olhos sensíveis.

− Eu estava preocupado. − ele revelou. Eu esperei mortificada pela urgência e tristeza súbita em seu olhar. Algo estava muito errado.

− A minha mãe não quer me ver com você.

Oh, Anna.

Minha mão afrouxou o aperto.

Foi como se o ar tivesse sido sugado dos meus pulmões, e eu não conseguisse inspirar novamente. Janish era todo o meu ar agora. Anna não podia fazer isso, ela não tinha motivos...

O mundo pareceu girar. E parecia que uma década havia se passado quando eu perguntei.

− O que isso significa?

Sua boca se entreabriu em surpresa. Não era óbvio para ele também?

− Significa que ela será terrivelmente contrariada.

AuroraWo Geschichten leben. Entdecke jetzt