Capítulo 6

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  Segurei firmemente a minha varinha como se fosse a única coisa que me restava em todo o mundo. Dois homens grandes e fortes, vestidos com trajes negros me seguravam.

− Me larguem... − consegui soltar entre gemidos.

− O que acha que está fazendo? − perguntou o mais alto dos dois, ao mesmo tempo que o alarme parou de tocar. − Acha que o museu mais importante de Aurora não teria segurança?

− Eu só queria conhecer o museu. − disse ofegante, enquanto eles apertavam os meus braços com muita força. − Por favor me soltem, estão me machucando...

Eles trocam olhares entre si.

− Acho que devemos ter cuidado com ela. Ela tem uma varinha. − disse o outro.

− Não... − o primeiro disse em tom de deboche. − Qualquer um que queira visitar o museu deve se identificar, são as regras, não importa quem ela é. Mas olhe para ela − ele me examinou da cabeça aos pés enquanto aperta mais ainda o meu braço, e eu soltei um grito abafado. − Ela é bonita... O rei pode ficar satisfeito com ela.

Eu não deveria ter arranjado tal encrenca.

− Mas antes, − recomeçou − precisamos saber quem ela é. Nunca vi estes trajes antes...

Meu uniforme escolar. Permaneci em silêncio.

− Quem é você? Responda! − ele gritou alto o bastante para que fosse ouvido da rua. De relance, pude ver o casal Clarke espiando pelo vidro.

Neste momento o hall de entrada do museu começou a ser preenchido por funcionários curiosos, quatro mulheres e em seguia três homens, que ficaram parados ao longe me observando. Eu ainda segurava com força a varinha como se ela fosse salvar a minha vida. No entanto, o aperto no meu braço esquerdo suavizou, enquanto minha varinha foi puxada para longe pelo segurança grandalhão. Comecei a me sentir enjoada, entorpecida, definitivamente eu não podia desmaiar agora.

− Querem que eu acione a Guarda Real? − eu ouvi a voz de uma mulher.

− Oh não... − o grandalhão deu uma gargalhada, e examinou atentamente a minha varinha. − Primeiro preciso verificar as iniciais. Oh o que temos aqui... H.M.C. diga-me o seu nome.

A última parte foi um sussurro ameaçador, mas eu não abri a minha boca. A próxima sensação que tive foi a batida de um tapete vermelho enrolado em minhas costas, e ele não era tão macio quanto eu pensei. Meu corpo inteiro tremeu com a queda em seguida ouvi-o gritar:

− Chame a Guarda Real! E me tragam cordas! Parece que a forasteira não vai colaborar.

Oh não.

Dez segundos depois ele já segurava metros de cordas grossas com suas mãos grandes e estava pronto para me amarrar. Eu não podia deixar isso acontecer, precisava voltar ao colégio, e havia Janish, o garoto mais lindo do mundo...

Seus olhos brilhavam de fúria e excitação enquanto as minhas costas queimavam.

− Se você ficar quieta eu posso considerar a ideia de não te causar dor... Por hora...

No momento em que ele tocou as minhas mãos fui tomada por uma força desconhecida, algo maior e mais poderoso que eu. Um grito desesperado, alucinante escapou da minha garganta, enchendo o ar. No mesmo instante as cordas caíram ao chão assim como a minha varinha. Todos os presentes levaram as mãos aos ouvidos, parecendo não suportar o som que era comum para mim, um simples grito. Subitamente minha cabeça latejou de dor, mas o meu grito não cessou, estava realmente incontrolável. Os funcionários se afastaram o máximo de mim exceto os dois seguranças, até que algo sobrenatural aconteceu. O lustre, as janelas, o teto, as lâmpadas e toda e qualquer peça feita de vidro explodiram como se estivessem sendo submetidos a uma forte pressão. Estilhaços de vidro cortaram o ar, e o lustre desabou na minha frente atingindo perfeitamente os dois grandalhões e em parte minhas pernas, enquanto eu protegia o meu rosto com as mãos. Todo o teto e as paredes também desabaram causando um barulho ensurdecedor.

AuroraWhere stories live. Discover now