Merda.
Isto sim é um dilema.
— Eu estava pensando que precisamos conversar.
— E ao que vejo, não é apenas sobre vocês dois. — Jacqueline pontua.
Não foi uma pergunta, uma dúvida ou uma sugestão; foi um fato constatado por ela.
Adam, curioso e subitamente preocupado, me encara sem disfarçar emoção alguma.
— Sobre o quê? — Ele pergunta.
— Nada que não possa esperar, Garoto. — Lanço um olhar para as crianças mergulhadas em seus sonos tranquilos. Ou... Quase.
— Abaixa a TV! — O gêmeo do sofá murmura, a voz rouca soando quase inaudível.
— Não quero incomodá-los. Nós conversamos mais tarde. — Digo, mas a curiosidade ou a preocupação cravou suas garras no Adam e ele não irá abandonar o assunto com facilidade.
— Eles estão dormindo. Não irão ouvir coisa alguma, mesmo que gritemos com eles. Pode falar.
— Você chamou o meu filho de "Garoto". — A voz da mãe do Adam soa aguda e, por algum motivo, indignada. — Por favor, diga-me que é alguma piada.
Os lábios do Adam se retorcem em um belo sorriso bobo e seu rosto cora ao explicar:
— Ela me chama assim, às vezes. É uma espécie de apelido carinhoso.
Ele, como ficou bem óbvio, não percebeu o tom de voz amargo da sua mãe.
— Abaixa! 'Tá alto. — O menino resmunga mais uma vez e começa a se remexer no sofá até que os seus olhos enormes se abrem e, sonolentos, nos encaram. — O quê? O que foi? — Phillipe pergunta à mãe e ao irmão.
Ele me encara e diz um "Oi" um tanto confuso.
— Você dormiu enquanto brincava. — Adam diz e isto faz o menino se sentir derrotado.
— Isso é coisa de criança! Eu sou gente grande, agora. Não queria ter dormido... — Ele suspira, desolado. Ele me faz sentir comovida, como se ele realmente estivesse vivendo um enorme problema.
Sua mãe, confusa pela explosão do filho, diz:
— Fique acordado conosco enquanto conversamos, então.
O rosto do menino vira tão rapidamente para olhar a mãe que parece ter chegado próximo a se quebrar. É como se ele tivesse acabado de ouvir um tremendo absurdo com o qual não concorda de maneira alguma.
— E espere os outros acordarem para vocês brincarem mais. — Adam emenda e parece aliviar a decepção do menino.
— Não... Eu vou dormir no meu quarto, a minha cama é mais boa. Só mais hoje... Eu já dormi mesmo, não é? Não vai fazer mal tirar uma soneca. Mas é só mais hoje, ouviu? — Phillipe estira um dedo para o Adam e sua entonação e o seu olhar fazem parecer que ele está advertindo o mais velho por alguma imprudência.
Eu me esforço para não rir e pelo canto do olho eu vejo que Jacqueline não está muito diferente.
Adam consente com seriedade.
— Vou levar os seus irmãos para a cama, também. — Adam fala.
O menino dá de ombros, pula do sofá e corre para o quarto.
Eu ajudo o Adam a pegar a Marion – a mais leve e, consequentemente, a que eu consigo carregar com facilidade – e levo-a para a sua cama e o Adam leva o Allain.
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Efeito Alice
RomanceDois mundos completamente diferentes. Dois sonhos que se igualam. Duas vidas que se entrelaçam. Ela: um ídolo para ele. Ele: um Garoto doce. Adam veio de muito longe, em busca de uma nova chance para dar à sua família uma vida melhor. Depois de vi...
Capítulo Cinquenta e Três - Explosões
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