Capítulo Trinta e Nove - Sobre cuidados e sugestão

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Aviso: Gente, leiam as notas finais, por favor! 

E aproveitem o capítulo!




Capítulo Trinta e Nove — Sobre cuidados e sugestão


Adam Beaumont

É inacreditável como o tempo se arrasta lentamente quando esperamos tanto por algo. E passa mais lentamente ainda quando não só esperamos por algo, mas também quando sentimos a ausência de algo. De Alguém.

Como já era de se esperar, Alice e eu mal nos vimos – de novo –, durante a semana inteira! Ela, ocupada com seus trabalhos e viagens; eu, ocupado com meus estudos e trabalho...

Sempre soubemos que seria difícil e sempre soubemos que valeria a pena, no final, tanto é que hoje, sexta-feira, eu estou alegremente contando os minutos para o fim das aulas, pois, enfim, depois de uma longa e exaustiva semana, eu a verei novamente.

Mas nem somente de tarefas e dificuldades que eu passei a semana. O tempo longe um do outro me ajudou a pensar no que poderei fazer a ela amanhã, no seu aniversário. Heiko, que estava muito animado por amanhã, me ligava com frequência nos intervalos entre trabalho e faculdade, apenas para que pudéssemos organizar algo para Alice. Decidimos por uma reunião simples, na parte da noite, com apenas a sua família e amigos mais próximos. Eu trataria de organizar tudo na casa de Alice, além, claro, de "domar a fera" no tempo que antecedesse à sua comemoração.

Quando a aula termina, depois do que parecem ter sido dois dias na mesma aula, eu me levanto e malmente despeço dos meus amigos, começo a correr para a saída. Parado à frente do prédio está o carro prata que há dias eu não via. O tal segurança Panic está escorado no capô, esperando por mim. Alice ligou mais cedo, avisando que o voo iria atrasar, portanto iríamos buscá-la no aeroporto.

— E aí, cara? — Falo com Panic, que só percebe a minha aproximação quando chego onde ele está.

— Beaumont. — Ele acena com a cabeça e faz menção de ir para abrir a porta para mim. O impeço e entro no banco do carona.

— Nós vamos direto para o aeroporto? — Pergunto quando ele acomoda-se no banco do motorista.

— Sim. A previsão de chegada é daqui a meia hora. — Ele informa e dá a partida.

Panic é muito diferente de Travis. Ambos são fechados, mas Travis ainda ostenta um senso de humor negro. Panic é completamente fechado, impenetrável, e ostenta um olhar e aparência de olhos cinza bem claros, pele pálida, quase doentia, e cabelo negro, que lhe fazem justiça ao "codinome". Só de olhá-lo nos olhos, já vem a sensação de pânico. E também ao contrário de Travis, Panic é simpático comigo, apesar da postura agressiva.

— Amanhã é aniversário dela. — Comento, para quebrar o silêncio mortal.

— Sim. — Ele diz.

— Ela não costuma comemorar muito, não é? — Questiono, para fazê-lo falar mais. O silêncio serve somente para aumentar a minha ansiedade.

— Nunca. — Ele responde.

Céus! Ele sabe, ao menos, o que é um diálogo?

— Amanhã iremos comemorar. O pai dela está bem animado. Ela vai gostar. — Conto, animado por imaginar a reação de Alice.

Efeito AliceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora