Capítulo Cinco - Inusitada

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Capítulo Cinco - Inusitada


Adam Beaumont


Elena veio me buscar quase oito horas.

─ Eu estava a ponto de sair de casa correndo! ─ Reclamo.

─ Ain, enjoado! Estou aqui, não estou? ─ Pergunta, fazendo voz de nojo. ─ E outra, sua entrevista vai ser mais tarde. Relaxa, ou vai infartar antes dos trinta. ─ Zomba.

─ Essa entrevista pode mudar minha vida!

─ Não vai fazer diferença se você tiver um ataque cardíaco e morrer!

Reviro os olhos.

─ Você sabe onde vai ser a entrevista? ─ Pergunto para mudar de assunto.

─ Provavelmente na sala do Aaron. Mas é sério! Não se preocupe. Ele é legal! Ele não é gay, então não se preocupe: Você não vai precisar fazer o teste do sofá. ─ Tenta descontrair, mas sem sucesso. Ela suspira derrotada, e pega minha mão. ─ Adam, você está me preocupando. Se continuar assim, não vai ter emprego nenhum!

─ Desculpa. Só estou nervoso. ─ Explico.

─ Eu sei. Apenas respira fundo, e relaxa.

- Ok... Relaxar. Tudo bem. ─ Concordo, e procuro me acalmar até chegarmos à empresa.

Quando chegamos, tudo parece diferente para mim. Mesmo tendo estado aqui antes, dessa vez eu vejo tudo com olhos diferentes. Agora eu estou aqui para cumprir um grande objetivo.

─ Bom dia. Estou aqui para uma entrevista com o Senhor Aaron Krauss. ─ Informo para a mesma mulher com quem a Elena falou na semana passada.

─ Sim. Ele o espera em sua sala. É só seguir até o elevador. Vigésimo sexto andar. ─ Ela responde com um sorriso atencioso, e apontando para a sua esquerda. Agradeço, e começo a caminhar sentindo os meus joelhos fraquejarem.

─ Quantos andares este prédio tem? ─ Pergunto para Elena, já no elevador.

─ Vinte e oito. ─ Ela dá uma risada. ─ Alice é fanática pelo número 28. Quando o meu tio estava construindo este prédio, ela pediu para que ele fizesse com 28 andares. E que a sala dele ficasse no vigésimo oitavo andar. Ela sempre soube ser bem persuasiva. A tia Nádia diz que Lice prometeu que, se o tio Heiko fizesse o que pediu, ela faria a faculdade de arquitetura, e tomaria conta dos negócios do pai. ─ Conta, fazendo-nos rir. ─ O tio ficou todo bobo e feliz, e fez o que a filha pediu. E contava todo orgulhoso para os amigos que a filha tomaria conta de seus negócios. Ninguém acreditava.

─ Ela calou a boca de todo mundo... ─ Comento.

─ E a cada dia fica melhor. ─ Elena sorri, orgulhosa.

O vigésimo sexto andar é completamente diferente do vigésimo oitavo.

O 26º é totalmente... Personalizado.

Logo acima da mesa das secretárias, um enorme "26 ─ Engenharia Civil" está estampado com o que parecem recortes de jornais. E é incrível como algo simples conseguiu ficar sofisticado. Inúmeros quadros com notícias de jornais estão pendurados nas paredes do lado de fora das salas. Salas estas que parecem pequenas, mas que ao olhar para uma delas, vê-se que são não grandes, mas confortáveis.

─ Adam, eu vou subir para falar com a minha prima... Meu irmão está em reunião. Depois eu volto. Te espero aqui, 'Tá bom? ─ Sugere.

─ Tudo bem... Eu falo com ela? ─ Pergunto desconfortável, apontando para as recepcionistas no canto.

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