Capítulo Sessenta e Sete - A Boa Promoção

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Capítulo Sessenta e Sete - A Boa Promoção

Alice K. Hildebrand

- Eu realmente espero que o seu seguro esteja em dia. - É a primeira coisa que o Aaron diz quando entra no meu carro na tarde de sábado.

O rapaz espera o tempo de o Anthony entrar ao seu lado no banco de trás para se debruçar sobre ele e puxar com extrema força a porta do meu SUV cinza.

- Obrigado pela confiança, cara. - Adam murmura com indisfarçada ironia, sentado no banco do passageiro, ao meu lado.

- Disponha. - O rapaz rebate, e eu não resisto à vontade de revirar os olhos.

- Na próxima vez que você bater com força a porta do meu carro, Aaron, eu irei arrancar fora o seu Aaron Jr. com uma faca cega enferrujada. - Eu rosno e o ouço gemer por imaginar ficar sem o maior amor da sua vida.

- Não está mais aqui quem bateu a porta. - Ele diz em um sussurro e pelo retrovisor eu o vejo encolher.

Eu dou a partida no carro e começo a nos guiar para fora da garagem do meu prédio.

Conforme o combinado de dias atrás, os rapazes vieram para ajudar o Adam a dirigir. Há três dias, quando ele chegou de viagem, eu lhe apresentei a ideia, e, por incrível que pareça, ele a aprovou, até mesmo ficou feliz. O contrário aconteceu com o notebook, a mesa digitalizadora, o computador e a mesa de desenho que eu lhe dei de presente, tanto de Natal quanto de aniversário. Na visão dele, eu exagerei nos presentes "exorbitantes demais", ao passo que eu achei terem sido presentes simples demais. No fim das contas, Adam aceitou o meu ponto de vista de serem presentes mais do que úteis tanto para os estudos dele quanto para o trabalho.

Mas, acima de tudo e de qualquer presente, o Adam se animou bastante com o mero pensamento de aprender a dirigir.

- É a primeira vez que o Adam vai pegar em um carro? - Anthony questiona mais divertido do que eu imaginava que estaria, afinal, não faz muito tempo que eu disse a ele sobre o Adam não saber dirigir.

- Em um carro, sim, mas em um caminhão ele já pega todo dia. - Anthony comenta com tanta calma que o que diz quase passa despercebido pelos outros dois homens.

Mas não por mim.

- Filho de uma piranha! - Eu berro e bato com força na buzina, tamanha a minha revolta. - Saia do meu carro, cavalo!

- Se eu sou filho de uma piranha, como eu posso ser um cavalo? - Ele ainda soa calmo, e a minha irritação só aumenta.

- Com o seu... - Eu começo a falta de educação, mas sou impedida pelo grito do Adam e pela risada esganiçada do Anthony.

- Já chega de baixaria. - O Adam comanda, tão severo quanto poucas vezes o é. - Os dois.

- Ele começou. - Eu bufo, irritada, porém tentando me acalmar.

- Não importa. - Adam abana uma mão no ar. - Os dois vão ficar quietos, como os dois amiguinhos que são.

No banco de trás, os dois mais velhos sufocam as suas risadas.

Céus! Estamos parecendo um bando de crianças.

E em respeito ao Adam - e à minha dignidade por pouco ainda existente - eu recobro a calma, ou, ao menos, um pouco dela. Eu preciso me manter sã e paciente caso queira obter algum sucesso na aula do Adam.

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