Capítulo Quarenta e Oito - Olhos inchados

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Capítulo Quarenta e Oito - Olhos inchados

Adam Beaumont

- O carro está ali na frente... - Vincent passa o braço pelos meus ombros e seguimos juntos para o estacionamento, eu com duas das minhas malas e ele com a terceira.

- E que carro é este que você arrumou? - Questiono.

Apesar de termos melhorado de condições, grande parte disso devido ao meu trabalho, nós ainda não estamos bem o bastante para comprarmos um carro. Estamos apenas bem financeiramente para vivermos sem sacrifícios e sem dívidas.

- É do hotel em que eu trabalho. - Ele explica. - É um hotel relativamente perto de casa; não é de luxo, mas também não é ruim. O ambiente é bom e o horário é bem flexível, como pode ver. - Ele ri baixinho, satisfeito consigo mesmo. Ele está bem feliz neste trabalho, é visível. - Eu consegui pegar emprestado enquanto um casal passeia. Eles estão ocupados com as suas aventuras de recém-casados apaixonados, então decidiram me ligar quando quiserem retornar ao hotel... E sim, eu estou em horário de trabalho. Eu acredito ter tempo o bastante para levá-lo para casa e passar algum tempo com vocês.

Vincent estremece um pouco quando fala do casal apaixonado, e eu me divirto por vê-lo assim.

- Você não parece gostar do tal casal... - Eu comento.

- Não é como se eu pudesse reclamar da troca de afeto em público, mas eles ultrapassam o limite da decência! É desconfortável. - Meu irmão parece mesmo desconfortável com a mera lembrança deles.

- Você realmente não tem muito o direito de reclamar da troca de afeto entre casais... Céus! Como eu sofria à beira de diabetes com você e a Vitória... - Eu finjo estremecer.

Vincent joga a cabeça para trás e ri alto. Eu senti falta até mesmo da risada alta e esganiçada do meu irmão.

- Eu posso garantir que eu e a Vi não somos tão descarados quanto o casal do qual eu sou babá. - Ele tira o braço do meu ombro e começa a tatear os bolsos em busca da chave do carro. Ele a acha e puxa o meu braço, para eu parar de andar.

Vincent vai para a traseira de um carro comum preto e o aponta para mim:

- É este carro aqui... E não sei do que você reclama! Vitória e eu somos verdadeiros exemplos de decência e amor.

Vincent abre o porta-malas do carro e em instantes saímos pelas ruas da cidade.

- Claro. Acredito que você descobriu um novo significado para a palavra "decência"... - Digo com simplicidade e o Vince ri e bate o punho no meu ombro.

Sua risada envergonhada me deixa claro que ele logo irá abandonar o assunto. É algo que ele sempre faz.

- Mas olhe só para você, hein? - Ele diz com um amplo sorriso. - Você está mais fortinho. E mais pálido também... Na última foto que você nos mandou você estava bem bronzeado. O que aconteceu? Você não toma sol na Alemanha, não?

Sinto meu rosto esquentar como sempre acontece quando eu sou o centro das atenções, mesmo que eu esteja sozinho com o meu irmão mais novo.

- Na época daquela foto eu estava na Itália ou em Portugal, não lembro. E faz muito tempo! Na Alemanha mal saio de casa... Trabalho durante o dia e estudo à noite. - Explico e estremeço quando um sorriso maldoso se apodera do seu rosto ainda magro, mas com traços mais marcados e maduros em comparação à última vez que nos vimos.

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