54 - Tearing It Down

1.8K 158 68
                                    

"There's a fine line you walk every day

Cause somebody told you to

A white lie that you can't erase

Now you're gonna have to choose"

Respirei fundo e caminhei até os dois. Não tinha mais o que fazer, eu já estava ali! Ele já tinha me visto! Não podia sair correndo! E eu queria, mas queria muito desaparecer daquele lugar...

- Taylor, oi! Quanto tempo! Eu assisti ao show e resolvi vir cumprimentá-los. Pensei que estivessem todos aqui! – menti, tentando transparecer naturalidade.

Ele me encarou por alguns segundos sem dizer nada. Seus olhar era indecifrável e trazia um tom de azul mais escuro que o normal. A situação já estava ficando muito chata. 

- Essa é a Natalie. – foram as primeiras palavras que saíram da sua boca e ele apontou para a menina enroscada nele.

- Prazer. – disse sorrindo. O sorriso mais forçado que já dei na vida.

- Bom, foi ótimo te ver. Avise os meninos que passei por aqui. Agora... preciso mesmo ir.

Me apressei tanto que esbarrei em algumas pessoas e sai praticamente correndo. Tinha sido um desastre e eu só queria chorar.

"Burra. Estúpida. Como pude pensar que ele ainda me amava depois de tudo o que aconteceu?!"

Estava desesperada para sair dali. Aqueles corredores pareciam infinitos, nem sabia direito onde estava. Desci um lance de escadas correndo e quando caminhava em direção ao elevador senti uma mão puxar o meu braço.

- Mia... e..eu...

- Não precisa falar nada! Só me deixa ir! – tentei me desvencilhar dele sem sucesso.

- O que você está fazendo aqui? - seus intensos olhos azuis me encaravam perturbados.

- Já disse. Vim assistir ao show e decidi falar um oi! – o nervosismo na minha voz me entregava.

- Você veio assistir ao show? Meu Deus, Mia. Você está se escutando agora? Isso é ridículo! – ele entrelaçou as duas mãos no cabelo.

- Eu... eu precisava te ver! Precisava saber! E agora eu já sei! – não conseguia formular a frase direito! Não fazia nenhum sentido! Eu estava magoada. Não tinha o direito, mas estava.

- Saber? Do que é que você está falando? Me diz logo a verdade! O que você veio fazer aqui? De todas as pessoas do mundo que eu imaginava encontrar... você apareceu. VOCÊ! – ele parecia extremamente atordoado.

- Não há nada pra falar! Ter vindo aqui foi só mais um erro na minha lista infinita de erros! Está tudo claro agora! Eu estava certa antes e estou certo agora! Foi melhor a gente ter se separado!

- VOCÊ ESTAVA COM DÚVIDA? - ele segurou os meus braços com força, sem acreditar no que ouvia.

- Não! Eu não estava. Eu não sei o que estou fazendo aqui. Esquece que me viu. Volta lá pra cima, volta pra Natália ou sei lá o nome dela. Segue sua vida! - me desvencilhei dele. 

Eu estava sem ar. As lágrimas começaram a cair, não conseguia segurar mais. Ele se aproximou de mim novamente e ficamos bem próximos. Tive medo de olhar pra ele e encarar aqueles olhos azuis. Olhava para baixo e chorava.

- Olha pra mim... – ele disse com uma voz entristecida - Por favor, olha pra mim...

Passou a mão pelo meu rosto, me acariciando e levantou minha cabeça me obrigando a encará-lo. Ele deu um passo perigoso em minha direção e ficamos praticamente colados um no outro. Nossos olhares não se desgrudaram. Os dois com a respiração acelerada. Ele passou a mão pelos meus cabelos, desceu pelo meu rosto. Aquela sensação de reconhecimento... como eu sentia falta dos seus dedos me tocando. Fiquei apavorada e me afastei.

Virei para sair correndo dali. Mas ele me puxou, de uma vez só. Nossos corpos se encontraram bruscamente e ele agarrou o meu cabelo enquanto me prendia em seus braços me beijando de forma desesperada. E, como sempre, depositamos toda a nossa saudade, todo o nosso desejo naquele beijo. 

Ele me empurrou na parede com força e levantou as minhas mãos sobre a cabeça. Suas mãos eram ágeis e parecia que percorriam cada centímetro do meu corpo. Eu estava sem ar. 

Mas a cena que havia presenciado há pouco não saia do meu pensamento. Ele tinha outra pessoa! Estava com outra mulher! E parecia feliz com ela! Sentimentos dolorosos me invadiram. Eu me lembrei do dia em que o vi beijando a Michelle. Aquilo me acovardou. Tomei coragem e o empurrei.

- Chega! Isso tem que acabar! A gente precisa esquecer, seguir em frente! Você tem namorada, eu tenho namorado! – deixei transparecer o desespero na voz.

- Se eu pudesse te esquecer...

Ele disse isso e eu enxerguei em seus olhos uma dor indescritível. Aquilo me machucou mais do que vê-lo com a Natalie. Não queria que ele sofresse. Não queria mais sofrer também. Por que a gente fazia isso um com o outro?

- Nós não podemos viver assim, Taylor! Toda vez que chegamos perto de seguir em frente um de nós aparece e ferra com tudo! – aquela situação chegou ao limite.

- Eu não esperava por isso, Mia. Tinha certeza que depois da nossa última conversa eu nunca mais a veria. Você parecia tão certa do que queria. Não hesitou por um segundo ao me dizer aquelas palavras. E eu acreditei em você! Aquilo me matou por dentro!

- Você parecia bem vivo quando te encontrei no camarim! – disse, me arrependendo logo em seguida.

- Não faz isso comigo... Não me tortura assim. Superar você foi a coisa mais difícil que eu já fiz. A Natalie... ela...

As palavras dele machucaram. Ele tinha me superado e a Natalie era a razão disso.

- Não precisa se explicar. Eu não quis dizer isso. Sei que não tenho direito de falar nada. Fui eu que quis assim. Ter vindo foi um erro, Taylor. Eu percebi isso agora. Eu te faço mal. Eu me faço mal.

- Não fala assim... Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida!

- E a pior também! – eu completei e ele abaixou a cabeça concordando.

- Não podemos continuar nos machucando assim. Precisamos dizer adeus! Eu preciso que você me deixe ir! – disse segurando seu rosto entre as minhas mãos.

- Não me obriga a fazer isso, Mia. – ele se afastou e passou as mãos pelo cabelo.

Eu vi as lágrimas em seus olhos. Ele estava com o rosto todo vermelho. Aquilo era demais pra mim. Precisava acabar com aquela tortura.

- Esse beijo... isso que aconteceu hoje. É um adeus. Nossa adeus, Taylor. Não podemos mais fazer isso! – olhei fixamente em seus olhos e falei - Eu vou me casar! Foi por isso que eu vim! Queria que soubesse por mim!

Não sei de onde eu tirei aquelas palavras. Não tinha realmente considerado aceitar o pedido do Chris.

Aqueles olhos azuis me encararam de um jeito... ele parecia não acreditar no que ouvia.

- VOCÊ O QUÊ? – e eu senti a raiva em sua voz.

- Você ouviu, Taylor. Não vou repetir.

Ele me olhou com ódio. De uma maneira que nunca havia me olhado antes! Virou as costas e foi embora. Me deixou ali com a minha dor. Dessa vez eu realmente tinha ferrado com tudo. Consegui me superar. Não é possível! 

"O que eu tenho na cabeça? Por que não falei a verdade?"

Eu estava ali, porque ainda o amava. Nunca deixei de amar. E agora ele tinha ódio de mim. 

E eu... eu ia me casar com outra pessoa. 

Se eu pudesse te esquecer... (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now