Capítulo 44 - A gente se vê no inferno

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O sorriso que pintava os lábios dela era debochado, assim como seu olhar era irritantemente malicioso. Ela não estava preocupada com a minha visita, bem pelo contrario, parecia já esperada para ela.
Seu rosto estava de alguma forma bem maquiado, e seus cabelos pareciam cuidados de mais para quem estava em uma cela imunda.
Ela ainda parecia o mesmo ser angelical, que havia despencado do céu ao optar pelo mal.

Caminhei a passos lentos até a poltrona, que ficava atrás de uma mesa que nos separava. Depois sentei com delicadeza, apoiando os cotovelos sobre a madeira rígida, até que meus dedos se entrelaçassem em frente aos meus lábios. O clima era tenso, meu olhar intenso nela, o que a obrigou a se aproximar um pouco mais. Deixando a pose relaxada, para ficar ereta, assim como eu estava.
Seu olhar era profundo no meu, e o sorriso não saiu dos seus lábios nem por um segundo.

Já eu, estava séria, a encarando como se fosse capaz de acabar com ela, com as minhas próprias mãos.

-Como vai a sua mãe?- perguntou ela com maldade, fazendo um bolo se formar na minha garganta.

Respirei fundo sem que ela percebesse, e depois me inclinei um pouco mais para frente, sentindo o objeto gelado se chocar um pouco mais contra a minha pele protegida apenas pela fina camada da blusa que usava.

-Muito melhor do que você.- disse apenas.

-Duvido muito.- disse ela revirando os olhos. Depois gargalhou como uma louca, enquanto eu me mantinha inalterada.- Você devia ter ouvido...- então voltou a olhar para mim.-... ela implorou pela vida. Você sabia que ela gritou o seu nome antes de cair morta no chão?

E antes que eu pudesse me manter intacta as suas provocações, as imagens de Jenna gritando o meu nome invadiram a minha cabeça, com uma força que me cegou. Sem que eu pudesse controlar, nem prever, joguei a mesa para cima de Phoebe ao me levantar bruscamente.
Em seguida dei a volta na mesa, para chegar ao seu corpo que caiu no chão com o impacto que a mesa o atingiu.
Ainda sim ela não parecia preocupada, continuava rindo, até mesmo quando eu me aproximei e a segurei pelo colarinho do seu roupão.

-Você vai pagar por cada problema que causou, por cada morte que provocou.- meu olhar era de ódio nela, assim como a minha respiração era intercortada.

-Calma bonequinha.- disse ela, ficando momentaneamente séria, antes de voltar a rir em deboche.

Sem pensar duas vezes, coloquei a mão em torno do seu rosto, transmitindo uma onda elétrica enorme de pensamentos. Meus dedos tremeram tamanha foi à intensidade que transmiti a ela, a fazendo gritar como se estivesse sendo eletrocutada.
Pude ouvir um ruído, e antes que alguém pudesse entrar ergui a palma da minha outra mão, em direção a porta. Fazendo com que os guardas esquecessem de ter ouvido alguma coisa.
Depois voltei a olhar para a garota que se retorcia no chão, quase em uma crise convulsiva.

-E agora? Cadê a sua arrogância?- transmiti mais uma onda, que fez com que ela desse um grito ainda mais agudo, que ricocheteou pela sala e acalmou minha sede de vingança.

Depois me ergui deixando seu corpo em espasmos no chão. Não, ela não merecia ter seu fim tão simples daquele jeito, mesmo que tivesse sido o combinado. Eu queria que ela sentisse a dor e o medo que tinha me causado.

-Como é ser comum? Como é ser fraca e vulnerável?- perguntei a ela, ao parar na janela e admirar a luz do dia, exatamente como ela fazia antes.

Obviamente ela não tinha condições de falar, o que tornou o silencioso ainda mais prazeroso para mim.

-Como é, quando o mundo todo não gosta de você?- perguntei mais uma vez, sem olhar na sua direção.

Então fechei os olhos, transmitindo para a cabeça dela os momentos mais felizes que vive ao lado de Zac. Todas as viagens, os sorrisos, os carinhos e beijos sinceros que trocamos. Depois foi a vez de Josh, que tinha momentos tão marcantes quanto Zac.
Inundei a cabeça dela com tantas imagens, até que ela me implorou para que eu parasse. Seus gemidos me consumiam, me cegavam, me davam forças.

2- A Telepata_ IrreversívelWhere stories live. Discover now