Capítulo 42 - Muito maior que medo

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O sol iluminava minha pele, quando acordei. Podia sentir cada parte do meu corpo sendo aquecida pelos raios de sol, que me obrigava a acordar. Meu corpo inteiro protestava por ter adormecido no chão, e minha cabeça demorou certo tempo para identificar onde eu estava.

Não fazia ideia de que horas eram, nem de quanto tempo tinha dormido. E somente quando a minha visão conseguiu ficar nítida, diante tanta luminosidade, foi que me lembrei das ultimas horas em que estive acordada.

Em um piscar de olhos recordei a noite anterior, e foi como se eu pudesse revive-la rapidamente. Levei a mão aos lábios, saboreando aquela sensação de Valentin tão perto de mim, mais uma vez.
Não sabia como tinha adormecido, nem em que momento tínhamos nos distanciado, mas tudo que eu queria era ter ele mais uma vez daquele jeito. E faria qualquer coisa por aquilo.

Imediatamente me sentei, e olhei para o lado, onde V deveria estar. O cobertor estava abarrotado e eu ainda podia se ver o desenho do seu corpo bem ali, uma prova real de que tudo não era imaginação da minha cabeça.
A minha mão alisou o cobertor, onde ele havia estado. O tecido não estava mais quente, o que me levou a deduzir que ele já havia partido há bastante tempo.
E apesar de esperar acordar primeiro que ele, só para poder vê-lo dormir, não fiquei triste por ele ter partido sem se despedir. Daquela forma era bem mais fácil.
Todas as coisas que nunca consegui dizer a ele, não importavam mais, porque de alguma forma, se aquela tivesse sido nossa despedida, ela tinha sido perfeita. Valentin era a melhor lembrança, e sem duvidas a mais doce também. E jurei a mim mesma, que nada me faria esquecer dele outra vez.

Caminhei em silencio pelo corredor do hotel, cada passo sendo precisamente programado. Minha cabeça estava ainda presa à noite anterior e nem queria que estivesse em outro lugar.
Aquele dia era tudo que me separava de voltar para os seus braços, e com o seu rosto na minha cabeça eu me sentia ainda mais forte.

Não tinha ninguém no quarto, quando entrei, e fiquei feliz por isso. Larguei as coisas sobre a cama e depois fui tomar um banho gelado. Não me permiti pensar em nada que não fosse nele, e quando dei por mim milhares de lembranças voltaram a minha cabeça, sem que eu precisasse da minha telepatia para aquilo. A água corria em meu rosto, enquanto eu recordava perfeitamente dos detalhes dele. Do seu sorriso, dos olhos me olhando, da pele branca e o modo como ele me tocava.
Era como se meu corpo estivesse ansioso para que tudo acabasse, como se esperasse há muito tempo pelo reencontro que estava prestes a acontecer.
Não me preocupei com o fato dele ter ido embora, nem de ter ficado confuso com tudo que eu disse, porque algo em mim dizia que ele também podia sentir que tudo estaria bem em breve.

Eu nunca acreditei muito nesse negocio de destino, mas as circunstancias me provavam o quanto eu estava errada. Valentin era meu destino, não importava quantas vezes eu vivesse.

Me enrolei na toalha e fui para a frente do espelho. Fiquei lá olhando meus olhos borrados de mascara para cílios. Eu parecia àquelas garotas de clipes musicais deprimentes. Mas abaixo de tudo aquilo, eu podia ver o quanto tinha amadurecido.
Depois de tudo pelo que havia passado, finalmente eu estava pronta para consertar tudo que precisava ser concertado. Enfim eu poderia voltar em segurança para casa.

Terminei de me arrumar o mais rápido possível, cuidando para que minhas roupas fossem impecáveis e suficientes para enganar qualquer um. Eu precisava ser levada a sério, precisava estar adequada para enfrentar minha maior inimiga de frente. E quando enfim terminei de me arrumar, eu me sentia preparada para o fim do mundo.
Para o meu ultimo obstáculo como telepata.

Desci o elevador do hotel respirando profundamente, e cada vez que meu medo ameaçava retornar eu fechava os olhos, e lembrava dos olhos de Valentin. E somente aquilo já fazia qualquer medo ir embora, porque era por ele, era por nós, e por tudo que tinha ficado para trás que estava correndo aquele risco. E nada poderia ser pior do que a possibilidade de nunca mais viver nosso passado. Aquilo era pior do que qualquer medo.

2- A Telepata_ IrreversívelOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz