Capítulo 7 - Quem é você?

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Voltei para casa, sem saber ao certo como as coisas seriam dali para frente. Vovó já estava no fogão, preparando o almoço, enquanto Bruce estava atirado no sofá, com o controle na mão, olhando a um jogo qualquer na TV.

Eu pretendia contar, pretendia dizer a ele que ele poderia ver nosso pai outra vez, mas então tive uma ideia. Nosso aniversário era no dia seguinte, e eu não tinha pensado em nada bom o suficiente para dar a ele, de forma que ajudar Madson a dar aquele encontro para os dois pareceu a melhor ideia que eu já tinha tido.
Aquele presente seria insuperável, mas terrivelmente difícil de se manter em segredo.

Caminhei a passos calmos pela sala, e ele nem pareceu se importar quando passei por trás do sofá onde ele estava deitado, podia apostar que ele nem tinha percebido minha presença. Muito menos meu estado de espirito.

-Sarah? - disse Bruce, com a voz preguiçosa. Tentei não demonstrar o quanto o meu coração parecia bater contra meu peito, agia de forma desinteressada, como se aquele fosse um dia normal entre outros qualquer.

-O que foi?-dei a volta no sofá, mas mantive o olhar preso na TV. Não queria que ele me olhasse, e meu segredo fosse por agua abaixo.

-Esta tudo bem?- ele desconfiou da minha atitude. Eu podia ver aquilo pela forma como ele arqueava a sobrancelha.

-Sim. Por que?- mantive o olhar longe do dele.

-Você esta estranha.

Me concentrei, em manter minha cara a mais impassível possível, depois transmiti uma onda de pensamentos para a cabeça do meu irmão. Não queria que ele se preocupasse, e nem que me colocasse pressão. Fiz com que ele achasse que estava tudo bem, sem ter que suar para isso. Vantagem de expandir meu dom.

-É coisa da sua cabeça.- disse olhando para ele, com uma confiança que não poderia ser sentida sem a minha telepatia.

Ele deu de ombros e voltou a olhar para a Tv, e aquele ato desconfiado dele só me provava que ligação de gêmeos não era uma coisa inventada pelos cientistas.

-Você vai mesmo naquela entrevista?- disse ele, assim que eu me levantei para sair do ambiente, antes que acabasse estragando meus próprios planos.

Olhei para trás, e confirmei com a cabeça.

-Então você está atrasada.- ele piscou para mim, depois de bater com o dedo no seu relógio de pulso.

Corri escadas à cima com um sorriso satisfeito escancarado no rosto, tinha conseguido omitir meu segredo, estava ansiosa para ver meu irmão provar do mesmo sentimento que eu. Ele ia surtar ao ver nosso pai, do mesmo jeito que eu tinha surtado. Mal podia esperar, para ver ele sentir a mesma felicidade que eu sentia. Era véspera do meu aniversário, e aquele era o melhor presente que eu poderia ter ganho.

Trabalhar em uma lanchonete, não era o objetivo da minha vida, mas eu precisava de um novo emprego, e não tinha experiência com nada, para exigir algo melhor, então não tive muita escolha. Eu não queria ter de pedir dinheiro para vovó, quando as minhas contas chegassem, e muito menos queria mexer no dinheiro que a Jenna mandava para nós, toda a semana. Já não me agradava ter de comer com aquele dinheiro, e ainda sustentar as contas da casa, ainda que eu achasse justo com vovó, já que ela tinha caído de paraquedas bem no meio das nossas vidas. Era justo que ela não se preocupasse com dinheiro, até porque meu pai também tinha nos deixado uma pensão, mas aquilo não se aplicava a mim, não conseguia me sentir bem com a situação. Pelo mesmo motivo, nem passava pela minha cabeça pegar esse dinheiro para meu uso particular, porque se houvesse um jeito de nos sustentar sem a ajuda dela, eu jamais aceitaria aquele dinheiro.
Eu era só uma garota, mais aquilo não me impedia de ser responsável, e nem de sonhar com a liberdade, da única coisa, que ainda me ligava a Jenna.
Por tanto, eu trabalharia em qualquer coisa, que me pagasse um salário.

2- A Telepata_ IrreversívelWhere stories live. Discover now