2- A Telepata_ Irreversível

Capítulo 28 - Fico feliz que você a tenha encontrado

V.

Quando a policia chegou tive que responder a muitas perguntas, e no fim das contas tive que assinar um termo de responsabilidade por perturbação da paz. O que me causou horas de sermão da minha mãe, sobre ficar passando trote nas pessoas.

Ninguém acreditou em mim, e não ter noticias estava me deixando louco. Eu pensava dia e noite nela, e quanto mais aparecia na lanchonete e ouvia o gerente dizer que ela estava se recuperando de uma gripe, mais me sentia agoniado.
Então um dia, quando eu estava indo, em mais uma tentativa encontra-la, a vi abraçada á um cara na esquina. Ele acariciava os cabelos dela, e ela parecia confortável nos braços dele.
Mais uma vez eu me sentia sufocado ao ver ela com outra pessoa, e aquela sensação era estranha para mim, mas eu conhecia aquela história de ver a garota de quem se gosta estar em braços diferentes dos meus. Por tanto dei as costas, e decidi que não a procuraria mais, já que já tinha certeza que ela estava bem.
Não queria me iludir outra vez, pelo menos não sem saber com o que, e quem, estava lidando.

As aulas estavam quase começando, então o produtor que nos encontrou, pediu que passássemos uns dias na gravadora dele fazendo algumas demos para tocar na radio. Era a nossa chance e não poderíamos perder.
Resolvi deixar Sarah, e todos os mistérios que envolviam ela, de lado, pelo menos por um tempo, enquanto eu tentava me dedicar ao motivo que tinha me levado ao Canadá.
Os ensaios duravam dia e noite, e quando eu não estava em estúdio, eu estava trabalhando ou descansando. Então não tinha muito tempo para pensar, e quando tinha era em Sarah que meus pensamentos se concentravam. Até que um dia Mag apareceu no bar, com noticias novas e segundo ela, de fonte confiável.

-Descobri algo interessante sobre a garçonete.- disse ela depois que eu a servi com uma garra de cerveja.

Tentei não parecer curioso, mas ela sabia como prender a minha atenção.

-O que você descobriu?- me aproximei por cima do balcão do bar.

Mag me contou sobre o grande rolo em que ela esteve envolvida, e não consegui deixar de ligar as pessoas que a sequestraram, com as que a atacaram naquela noite. Poderia ela estar correndo risco de vida? Eu precisava me certificar. Mas então Mag continuou com o resto da história, contando que a sequestradora estava presa, e que toda aquela confusão tinha acontecido porque Sarah namorava dois caras ao mesmo tempo. Eu não conseguia entender, como uma garota chega a cometer um crime por causa de um cara, mas as garotas costumam virar o próprio demônio quando se sentem traídas, então não duvidaria que aquilo pudesse ser real.
Mag não poderia estar mentindo, certo? Errado! Mas eu acreditei que não.

Naquele momento soube que Sarah tinha razão. Ela era encrenca, e naquele momento da minha vida eu não precisava daquilo, portanto me afastei dela com a promessa de esquecê-la, mas volta e meia eu a observava pela vitrine da lanchonete sem que ela visse.
Ela era como uma droga, que eu precisava de tempo para me desapegar.

Depois de tanto tempo os sonhos voltaram, com ainda mais intensidade. Eu já não via só os olhos da garota, eram cenários inteiros, momentos íntimos nossos na cama em que eu dormi todas noites, fazendo coisas que eu tentava não pensar quando estava em publico.

Quanto mais longe eu ficava de Sarah, mais eu podia sentir que ela jamais sairia da minha cabeça. Pelo menos não enquanto eu ligasse ela a garota dos meus sonhos.

Nunca fiquei tão feliz com a chegada das aulas quanto daquela vez. Tudo porque teria uma desculpa para não pensar tanto em Sarah. Boa parte do dia estaria na escola, outra trabalhando no bar do Bob e ainda precisava me concentrar no meu verdadeiro motivo para estar ali; a Noisetune.
Meu dia parecia que ia bem, quando Mag conseguiu convencer o diretor a nos deixar ficar na mesma turma. Nunca quis saber como ela fez aquilo, tinha medo dos métodos de Mag para conseguir as coisas.
Então não fiz perguntas.