Capítulo 31 - Só podia ter acontecido outra vez

1.3K 176 50
                                    

V.

Eu não conseguia lembrar muito bem, como tinha ido parar na cama aquela noite. Sabia que havia bebido de mais, somente porque a minha cabeça doía mais do que qualquer outra vez na vida. Levantei da cama e fui até o banheiro. Ainda estava com as roupas da noite anterior e tudo parecia feder a vodca.

Tirei as roupas com urgência de me livrar daquele aroma fétido de álcool, que já estava me causando náuseas, e entrei em baixo de um jato de água fria. O sol nem tinha nascido direito e eu já estava acordado, o que era estranho e extremamente silencioso.

Enquanto sentia a água levar aquela sujeira toda embora, tentei lembrar das ultimas horas, mas por mais que tentasse as memórias não me vinham. Quanto eu tinha bebido? Não fazia ideia, e aquilo era assustador.

As ultimas coisas que lembrava da noite anterior, era de ter bebido um bocado com meus amigos, e de Terry ter passado a noite toda fazendo piadinhas que eu não lembrava o conteúdo. Coisa normal do Terry, já que boa parte do mundo não entendia o que ele falava.

Sai do banho só de cuecas, a maior vantagem de morar com homens é não ter que viver cheio de roupas, e fui para a cozinha. Bebi o que pareceu um oceano de água, mas minha garganta berrava por mais. Meus neurônios estavam a ponto de explodir cada vez que eu tentava recordar o dia anterior, mas nem do que eu havia comido conseguia lembrar.
Nada.

Depois de uma hora desisti, e voltei para o quarto. Ainda era a 4:00 da manhã, não fazia sentindo ficar acordado aquela hora, então apenas tentei dormir outra vez, o que acabou acontecendo com muito facilidade.

A ultima coisa que me lembrei, naquela madrugada, foi de ter levado Sarah a enfermaria. De como havia levado uma bronca do Bob, por ter me atrasado, assim que a vi ir embora com a sua avó do hospital. E foi com aquela sua imagem na cabeça, desacordada em um banco de carro, que acabei caindo em um sono profundo.

Acordei atrasado para a escola, aos gritos do Ethan. Ele adorava fazer aquilo para me irritar todos os dias, porque era ciente do quanto aquilo me tirava do sério. Ninguém deveria acordar no susto, ainda mais eu. Um dia arrumaria uma coisa que o incomodasse com a mesma intensidade, só para me vingar.

Me vesti correndo e tomei café mais rápido ainda. Entrei no carro por último, enquanto Adam arrancava sem nem me dar chance de me acomodar direito. Ele ligou o som do carro, e aumentou a todo volume quando a rádio local começou a tocar Oh no not again, em uma versão que parecia direta dos LPS. Começamos a cantar a todos os pulmões, assim que me dei por vencido e deixei meu estresse matinal de lado. As pessoas na rua nos olhavam com expressões assustadas, sempre que passávamos por elas, já que Ethan gritava nas partes dos oh oh oh com a cabeça do lado de fora da janela, enquanto Adam fazia o som da guitarra com a boca.

Chegamos à escola com a musica ainda tocando, o que provava que devíamos ter levado no máximo cinco minutos até ali, já que a faixa não passava desse tempo. Me esqueci de comentar como Adam gostava de dirigir rápido quando estava animado. Muito rápido.

Só descemos do carro quando um pequeno grupo de pessoas se aproximou e a música acabou com os nossos gritos. Então coloquei aqueles óculos escuros caros, e desci com a mochila pendurada no meu ombro direito. Completamente alheio a qualquer coisa.

Ethan correu para as meninas enquanto elas sorriam para mim e Adam. Não me apressei e quando Adam fez menção em seguir Ethan e aquelas pessoas, cuja os nomes eu nem recordava direito, eu o segurei pelo braço o forçando a ir mais devagar.

-Você lembra onde eu fui ontem de noite?- perguntei a ele baixo.

Adam me olhou com um olhar repreensivo e depois sorriu.

2- A Telepata_ IrreversívelWhere stories live. Discover now