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Gavril desceu sem reduzir sua velocidade até momentos antes de tocar o chão. Quando atingiu o solo, causou um impacto que arremessou terra e pedras em diversas direções. A força do contato subiu por suas pernas e espalhou-se por todo o corpo.

Em poucos instantes, os guerreiros que vigiavam a produção local viraram suas atenções para o recém-chegado. Uma contagem rápida revelava mais de vinte inimigos, exatamente como aqueles que haviam matado o wyvern horas atrás.

O espadachim prendeu à lâmina gritadora junto à cintura e sacou a espada adquirida em Pomena. Em sua mente havia travado aquela batalha algumas vezes. Durante o mergulho visualizara como os inimigos atacariam e não foi surpreendido. Agiram exatamente como o previsto.

Com ataques diretos utilizando as correntes presas em seus braços, os oponentes facilitaram a esquiva de Gavril, que deslizou dobrando os joelhos e jogando a cabeça para trás. Dois inimigos haviam atingido um ao outro. O espadachim saltou sobre a corrente esticada do terceiro inimigo e desferiu um chute giratório com a perna esticada, antes de pousar utilizou sua impulsão mágica e se distanciou, atingindo o quarto guerreiro na altura da testa com uma joelhada poderosa, girou o corpo e decapitou o inimigo com um ataque rápido. A lâmina de Pomena era simples, mas nas mãos certas causava estrago.

O espadachim puxou a corrente do quinto inimigo com o braço livre e girou o corpo com a maior velocidade possível, desequilibrando o oponente. Gavril jogou-se contra o sexto adversário e tomou impulso agarrando o inimigo e deixando-o cair de mais de oito metros de altura.

Ao atingir o solo, Gavril sentiu a mancha negra queimar seu corpo. Ficou sem ação por alguns segundos, o bastante para ser atingido no peito por uma das bolas de ferro e preso por uma das correntes de outro dos guerreiros. Aproveitando o momento de fragilidade do invasor, um dos camponeses o atingiu por detrás da coxa utilizando uma picareta, perfurando sua carne e tocando em seu osso, arrancando um grito de dor. A situação estava saindo do controle.

Utilizando a perna livre, o espadachim tomou impulso e saiu do chão, arrastando dois inimigos consigo. Pousou alguns metros adiante e disparou sua rajada flamejante contra o que estava no caminho. Em cone, a labareda atingiu quase todos os inimigos restantes e alguns monstros de metal focados unicamente em escavar o solo.

A explosão se espalhou em cadeia, atingindo os monstros metálicos de muitos braços e causando grande confusão entre os aldeões. O que foi o bastante para que o Feiticeiro Azulado saísse de seu abrigo, uma das casas do local.

– Você vem incomodando e atrapalhando meu trabalho por tempo demais, humano. – disse o obeso monstro de pele azul. – Parece que chegou a hora de morrer e me servir.

Gavril se preparava para investir contra o inimigo, estimando que o monstro se valesse de seus feitiços para batalha. A imensa cimitarra serrilhada sacada pela criatura fez com que o espadachim contivesse seu ímpeto.

– Já o amaldiçoei com a doença devoradora. – disse o feiticeiro. – Já enviei tropas e mais tropas para recuperar minha espada. E você vive fugindo.

O último dos adversários ainda de pé no local investiu contra Gavril, que por reflexo desviou-se dois passos para trás e desferiu um corte profundo no pescoço do oponente que já tombara sem vida.

– Estou aqui, não estou? – disse o espadachim entre os dentes. – Quem tem a mania feia de fugir é você. Parece que agora somos só nós dois.

– Não por muito tempo. – bradou o inimigo, sacando sua imensa cimitarra.

Em um arroubo de força e vitalidade os dois se engalfinharam em uma troca de golpes precisos de espada contra espada. O tilintar das lâminas produzia faíscas e o espadachim temia que sua arma não fosse capaz de suportar o embate por muito tempo. A força do monstro azulado era maior, mas ele pecava em agilidade.

Espada e Dever  - Um livro no Mundo de ThystiumOnde as histórias ganham vida. Descobre agora