Capítulo #35

1.2K 86 53
                                    

Eu não podia acreditar que aquilo tudo estava acontecendo, era surreal demais. Eu fiquei um tempo sentada de cabeça baixa, não quis chorar porque a Bruna ainda estava ali, eu tive vergonha, tive raiva, todos os sentimentos ruins. Eu não sabia o que pensar ou que fazer, eu só não podia ficar ali pra sempre, demorei mais uns minutos naquela posição até que me levantei, meus olhos estavam vermelhos, eu estava me segurando muito pra não chorar, minha decepção era enorme, eu tentei não explodir e nem desabar, mas quando levantei que olhei pra Bruna, seu semblante era de pena de mim e isso me causava uma amargura sem tamanho. Bruna estava sentada numa poltrona e me olhava sem falar nada, eu mal tinha coragem de olhá-la,  em uma das vezes que a olhei ela apenas apontou pra uma cadeira que estava próxima a ela, apesar da vergonha que eu estava sentindo, eu considerava a Bruna uma irmã e tinha que falar com alguém, nada melhor que alguém que presenciou tudo aquilo, acabei me sentando e foi questão de segundos pra que eu a olhasse nos olhos e sem conseguir me conter e nem me segurar, comecei a chorar, tentei disfarçar, mas as lágrimas caiam involuntariamente, tentei engoli o choro, até que Bruna falou:
- Pode chorar, aliás não para de chorar, continua chorando e chora tudo de uma vez, porque depois de hoje eu não vou mais permitir que isso aconteça, eu prometo pra você e pra mim mesma que isso não vai mais acontecer! - quase não conseguindo falar, tentei dizer o quanto eu estava mal:
- Velho... eu não consigo acreditar.. eu tô... aliás, eu nem tô acreditando, eu fui muito idiota...
- Você sabia o quanto ia ser difícil isso tudo, mesmo que esse cara não fosse um louco psicopata e doente, mesmo assim, não ia ser fácil,nunca é.
- Mas Bruna, a garota falou que me amava, fez.. puta que pariu!! Eu tô me odiando por ter permitido tudo isso, sério!
- O que você vai fazer agora?
- Eu não faço a mínima ideia, eu só quero ficar longe da Duda, o mais longe possível, eu queria sair dessa cidade se fosse possível!!
- Não vai dá pra ir muito longe, tem a escola e tem vestibular, você vai se que suportar isso por um tempo..
- É, eu vou ter.. sabe quando você está completamente vazia, eu me vejo sem saber o que fazer, parece que tô perdida e o pior de tudo, é que eu apostei tudo nela, deixei Elisa, fui contra os meus conceitos, arrisquei minha vida, fiz de tudo, usei tudo o que tinha pra fazê-la feliz, pra deixá-la bem e no final ela não teve o mínimo de reciprocidade, ela não pensou duas vezes em me deixar pra trás.. - era tão martirizante falar de tudo isso, que eu já não conseguia mais segurar as lágrimas, eu continuei falando e chorando e Bruna só me ouvia:
- A garota colocou tudo na nossa frente, na frente daquele "amor" que ela jurou sentir por mim, um falso amor, pra falar a verdade nunca amor, se fosse ela não teria feito isso..
- Sabe o que é pior? É que você ainda vai perdoar...
- Eu sinceramente não sei o que vou fazer, tô me sentindo perdida, mas tenho certeza de uma coisa, eu nunca mais quero falar, chegar perto, ter qualquer tipo de contato que seja com a Duda, eu não vou mais fazer mal a mim mesma passando por essas coisas.. Eu tenho que ir, faz horas que sai de casa e também tô precisando ficar sozinha..
- Tudo bem, mas.. Depois, quando você estiver mais relaxada, liga pra Elisa.. vai te fazer bem, vai por mim..
- Eu acho melhor não, eu já fiz mal demais pra Elisa, não é justo com ela..
- Mas você sabe que ela te faz bem e que ela sim, te ama de verdade. - eu não falei nada, apesar de ser bem verídico, a Bruna acompanhou todo meu namoro com Elisa e dava maior força pra gente, claro que ela iria querer nos juntar novamente. Eu me levantei, me despedi da Bruna, peguei minha bicicleta e fui embora. Pedalava devagar, não tinha pressa de chegar em casa, queria sentir aquele vento frio de final de tarde. Eu continuei pedalando e no caminho pra minha casa, infelizmente, eu passaria pela casa da Duda, não tinha como desviar, eu já estava praticamente na esquina da sua casa, eu não queria olhar pra casa dela pra não ter a possibilidade de vê-la, mas era mais forte que eu, quando dei por mim já estava olhando pra lá e vi uma cena que parecia sonho, aliás, pesadelo, eu não podia acreditar, a Duda e o Pedro estavam se beijando dentro do carro.

RafaElaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora