Capítulo #27

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Eu não podia falar nada pra Duda, ela iria ficar nervosa e eu nem sei o que poderia acontecer, fiquei em silêncio por uns segundos e deixei que ela fosse embora, fiquei olhando até que o táxi fosse embora, pra não haver risco dele querer segui-la. Percebi que ele não ficou olhando pro carro e sim pra mim, apesar de não ter medo desse louco, fiquei receosa pois sei que ele não mede as consequências das coisas que faz. Ele então começou a vir em minha direção, eu não entrei, eu nem me mexi, apenas esperei pra ver até onde ele queria ir. Ele chegou bem próximo de mim e falou:
- Quem você pensa que é? O que pensa que tá fazendo? Você acha mesmo que a Duda é doente como você?
- O único doente aqui é você! E você deveria se tratar, aliás deveria procurar um hospício, você não é normal cara! - ele parecia enfurecido e tentava se controlar.
- Eu não vou deixar que você transforme a Duda, não vou deixar você acabar com a vida dela, vc é doente, vc não deveria conviver com pessoas normais como ela, vc sabe que isso é errado, vc está condenada, vc faz qualquer pessoa que se aproxime de vc, passar vergonha, as pessoas tem nojo de vc, eu não vou deixar que vc faça de Duda um ser desprezível como vc! - ele falou, se virou e foi embora, eu fiquei perplexa com tanta coisa horrível que ele tinha falado, eu nunca fui de me importar com esse tipo de coisa, mas o que ele me falou me deixou com os olhos ardendo em lágrimas, eu não chorei nem quando minha família me desprezou, eu estava fora de mim. Entrei, sentei no sofá e comecei a pensar nas coisas que ele tinha me falado, eu não sei porque fiquei desse jeito, não sei o que tava dando em mim, um filme começou a passar na minha mente, de tudo que eu já havia vivido por nascer lésbica, fiquei pra baixo, chorei e dormi ali no sofá mesmo.

#Duda

Eu estava muito apreensiva pra chegar em casa, eu não sabia o que Fabi tinha falado pra minha família, eu já não sabia se deveria continuar com tudo isso, eram tantos problemas que eu já não sabia se fazia sentido continuar. O táxi parou em frente a minha casa, paguei, desci e fiquei na calçada da minha casa, eram mais ou menos 5:30 da manhã, o sol começava a surgir, pude ver uns passarinhos próximo a árvore que ficava do lado da minha casa. Eu sentei, estava morrendo de sono e cansaço, olhei pro celular não havia nenhuma mensagem e nem ligação da Rafa, apesar do sono querer me vencer, o nervosismo não me deixava dormir, eu teria que inventar uma desculpa muito boa pros meus pais. Tentei entrar devagar, ao menos pra tomar um banho e tirar um pouco de cansaço do rosto. Não fiz barulho nenhum, subi e fui pro meu quarto, fiquei até aliviada em conseguir chegar lá, sem que meus pais me vissem. Tomei um banho demorado, parecia está lavando a alma, tudo parecia muito tenso e eu ainda não tinha conseguido pensar em algo pra falar pros meus pais. Saí do banheiro e me assusto com minha mãe, ela estava sentada na minha cama e me olhava friamente, eu não falei nada, ela me olhou no rosto, acenou a cabeça, fazendo sinal de negativo e disse:

- Estamos te esperando na sala, não demore. - eu nem pude responder, ela se levantou e saiu do meu quarto, fazia tempo que eu não via minha mãe com aquela expressão. Eu estava quase tremendo, meu corpo estava gelado, por um momento pensei em falar toda q verdade, mas logo desisti. Troquei de roupa, coloquei uma blusa solta e um short, meus cabelos estavam molhados e ainda pingavam sobre mim. Respirei fundo, abri a porta do meu quarto, pude ver minha irmã um pouco assustada me olhando, ela falou quase que sussurrando: " se prepara", eu fiquei ainda mais nervosa, mas não poderia fugir daquilo. Em seguida desci, meu pai estava sentado em um sofá, minha mãe estava no outro, até aí tudo bem, quando desci todas as escadas, pude ver meu pai segurando o cinto na mão, eu não estava entendendo aquela cena.

RafaElaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora