Capítulo #12

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Meu coração parecia não caber dentro do peito, ela estava com marcas roxas e alguns arranhões, eu fiquei péssima ao vê-la naquele estado. Não sabia o que falar, por alguns minutos ficamos nos olhando e nenhuma falava nada, até que uma mulher se aproximou e perguntou o que era:
- Duda, quem está ai? - a mulher se chegou na porta e me olhou, como se não me conhecesse, eu então respondi, já que Duda não falava nada:
- Boa tarde, eu sou Rafaela, estudo com a Duda, a professora me mandou passar a matéria pra ela, espero não está incomodando.. - falei um pouco cabisbaixa. Ela respondeu bem simpática:
- Que gentileza da sua parte, entra, vamos almoçar, depois de comermos você tenta animar a Duda, ela ta um pouco tristonha, será bom alguém pra distraí-la. - Duda mal me olhava e quando me olhava não parecia entender nada, eu entrei, um pouco envergonhada, comi com ainda mais vergonha e Duda hora nenhuma falava comigo, eu tentei não forçar nada pra a mãe dela não estranhar, pelo o que percebi só estavam as duas em casa, depois de almoçar-mos, a mãe dela pediu pra gente ir pro quarto estudar, até que enfim eu iria ficar sozinha com ela. Peguei minha mochila e fui até o quarto junto com Duda, mas ela ainda não havia falado nada, ela parecia assustada e com medo, eu respeitei seu silêncio, até quando pude, mas eu já não conseguia mais ficar calada, então cheguei perto dela e devagar toquei em seus machucados, ela logo se esquivou e disse um:
- Ai..
- Desculpa, Duda, eu só to tentando.. Deixa pra lá..
- Eu não to bem Rafa, você não ta vendo isso?
- Eu sei Duda, eu só quero que você converse comigo, você não vê que eu to.. - eu estava prestes à falar tudo que estava sentindo pra ela, mas eu não consegui.
- O que você quer que eu te diga, Rafa?
- Como isso aconteceu, por exemplo?
- Um assalto, o que eu vou falar de um assalto? Ele chegou e pediu meu celular, meu dinheiro, como eu não quis entregar, ele me bateu.. Foi isso! Não tem mais o que contar, Rafa! - ela falou se levantando, andando pelo quarto, como se quisesse se afastar de mim.
- E porquê você não entregou o celular? Você sabe que não dá pra reagir à um assalto, sabe que não ia valer a pena, imagina se uma coisa pior acontece com você?
- Mas não aconteceu Rafa, eu to bem, ou quase isso..
- Eu fiquei muito preocupada com você, eu nem consegui prestar atenção na aula..
- Não precisava, aliás eu nem entendi o porquê de você ter vindo na minha casa!?
- Eu fiquei preocupada e queria te ver e você não quis me atender, não me respondia no whats..
- Talvez eu não quisesse falar com você, isso não passou pela sua cabeça?
- Se tem um "talvez" eu não posso ter certeza, não é mesmo?
- Se você realmente quisesse falar comigo, teria me atendido, nessa madrugada, não é?
- Eu estava dormindo e não vi que você ligou, claro que eu teria atendido!
- Ou talvez estivesse ocupada com sua "namorada".. - eu senti um pouco de ciúmes nas palavras dela e isso me deixou feliz por dentro, eu quase sorri, mas me segurei. Eu teria que explicar o lance da "namorada" e eu não sabia como.
- Namorada!? Que loucura é essa?
- Não se faz de sonsa, Rafa!!
- Elisa falou isso de brincadeira, somos amigas e ela fala isso de pirraça, não acredito que você achou isso podia ser verdade!? - eu tentei ser o mais convincente possível, mas estava bem difícil.
- Por que está mentindo pra mim, anjo? Achei que isso não existiria entre nós duas..
- E você? Porquê está mentindo pra mim também?
- Eu?? Mentindo? Como assim? - percebi que ela ficou nervosa e tive certeza que a história do 'assalto' não tinha sido verdade.
- Como quer que eu acredite que foi assaltada, se você apanhou e mesmo assim ficou com celular? Isso é bem estranho, não acha? Sem contar seu machucado do primeiro dia de aula, tantos machucados, não é? Que maré de azar, não é Eduarda?
- Não me chama de Eduarda!! Eu preciso te falar uma coisa, eu preciso falar, ou vou explodir!! Vamos fazer assim, eu te falo a minha verdade e você a sua verdade, combinado? - eu não tinha muita escolha e queria muito saber o que estava acontecendo com ela.
- Tudo bem, eu não tenho escolha mesmo.. Você me colocou na parede..
- Não, não ainda.. - aquilo me fez engolir seco, senti um arrepio na hora. Nos sentamos na cama, uma de frente pra outra e começamos a nos olhar fixamente, ficamos assim por uns minutos, eu muito afobada, não aguentei e fui me aproximando dela devagar, era bem difícil ficar perto de Duda, eu cheguei ainda mais perto, ela não se afastou, por incrível que pareça, ela aparentava querer o mesmo que eu, eu fui mais além e estávamos bem próximas quando, ouvimos uma voz masculina chamando por "Duda", ela arregalou aqueles olhos verdes e eu pude sentir o quanto ela ficou assustada, ela segurou rapidamente em minha mão com muita força o que também me assustou.

RafaElaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora