A Verdade

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Pov: Alice Hale.

        Uma vez eu li em um livro que quando a gente termina um namoro de tantos anos, nós precisamos de um tempo e nos libertar daquilo tudo que trás a dor e a saudade. E eu tinha aprendido naquele dia que eu nunca tinha me libertado completamente de Carl, e que nem três anos foram capazes de apagar todas as lembranças.

         Quando o apocalipse começou, foi como se as memórias da minha infância tivessem sido apagadas, e a unica coisa que restou foi os zumbis e as pessoas boas que se tornaram cruéis.

         E então, eu conheci Carl. Aquele garoto estúpido e arrogante que trouxe de volta minha esperança e minha felicidade. E foi com ele que eu fiz novas memórias. Que passei grande parte da minha adolescência.

         Eu conheço Carl a 6 anos. E mesmo que três desses seis eu tenha passado longe dele, não é como se eu não o reconhecesse. Carl sempre vai ser a pessoa que eu reconheceria no meio da multidão.

          Posso dizer que eu vivi aqueles três anos junto com ele sem medo de ser feliz. Sem medo do amanhã. Eu só queria ficar do seu lado e aproveitar ao máximo o dia, mesmo que fosse o último.

          Mas, subitamente as coisas mudaram, e eu vi que me separar dele não era fácil. Uma parte de mim nunca conseguiu apagar a lembrança que eu tinha dele.

         Quando terminamos e eu fui embora, eu não conseguia ouvir o nome "Carl" sem me lembrar do meu ex namorado. Daquele garoto que eu tanto amava. Era como se um buraco tivesse sido feito no meu coração. E eu acho que nunca tentei tampar ele.

          E eu estava acabada. Triste. Primeiro, Maia me trai daquele jeito, que foi pior que um tapa na cara. Um tiro teria doido menos. Depois, Carl leva um tiro no meu lugar e estava correndo risco de vida. E isso acabava comigo. E depois, aquele pedaço de papel que estava em minhas mãos, fazendo com que minhas últimas duas horas tivessem sido utilizadas com meu choro estranho e inútil.

          A carta de Tyler... Eu não sabia dizer ao certo o que estava sentindo. Feliz por ele estar protegendo sua irmã? Ou triste por tudo ter acabado desse jeito? Ou triste por ele ter me deixado daquele jeito? Ok, o último pensamento era bem egoísta da minha parte. Mas essa parte de mim queria que ele não tivesse ido embora, que tivesse ficado aqui. E outra oarte de mim sabia que isso era o certo pra nós dois.

            Depois que minha crise de choro passa, eu guardo aquela carta com cuidado na gaveta do móvel do lado da cama, e tomo um banho.

          Me encosto na parde branca do banheiro, aqueles azulejos gelados em contato com minha pele quente trazendo calafrios, e fecho meus olhos deixando a água cair no meu corpo.

           Perguntas rodando minha mente, o medo de algo ruim acontecer com Carl ou com Tyler me rodeando, e minha insegurança batendo mais uma vez na porta.

         E se eu não fosse boa o suficiente para todos naquela comunidade? E se eu não pudesse proteger todos ali? O que eu deveria fazer?

         Batidas na porta fazem meus pensamentos pararem, e eu desligo o chuveiro.

-QUEM É?-Grito.

-Sou eu!-responde a voz inconfundível de Isabelle.

-PODE ENTRAR, ESTOU SAINDO DO BANHO.-digo e escuto o barulho da porta se abrir e logo de fechar outra vez.

         Ligo o chuveiro outra vez, e tiro o sabão do corpo e o condicionador do meu cabelo.

         Me seco e me troco, logo indo pra frente do espelho embaçado e pegando uma toalha e passando sobre ele. Ficou ainda mais cagado, mas pelo menos dava pra enxergar um pouco do meu rosto.

         Penteio meu cabelo e o prendo num rabo de cavalo. Abro a porta do banheiro e saio dali, me deparando com Izzy deitada na minha cama bagunçada com um pedaço de papel branco em frente ao seu rosto, que ela lia com atenção.

-O que é isso?-pergunto e ela se vira pra mim com um sorriso triste.

-Uma carta. Da Maia.-ela diz e se senta na minha cama. Me sento ao seu lado e ela estende o papel. Leio rapidamente e suspiro.

-Então quer dizer que ela deixou essa carta pro Kol?-pergunto. Isabelle faz que sim com a cabeça.-E como isso veio parar em você?

-Ela me pediu pra entregar.-ela diz dando de ombros.

-E você leu?-digo franzindo o cenho.

-Ue, eu sou curiosa.-ela diz e eu começo a rir. Mas logo paro ao me lembrar que não tinha motivos pra isso. Izzy percebe minha mudança de humor e suspira.

        Ela pega a carta que eu havia deixado sobre a cama e a coloca com cuidado de volta ao envelope azul, e logo o coloca ao seu lado.

-Alice... Eu sei que está triste.-ela diz e me abraça. Retribuo o abraço.-Eu sei que isso tudo é difícil. Mas talvez o Tyler estivesse te libertando pra seguir seus passos sozinhas a partir de agora.

-Talvez eu não quisesse ser libertada.-digo e ela suspira.-Eu não estava em nenhuma prisão, Izzy! Se eu quisesse, eu tinha terminado com Tyler a semanas.

-E você sabe melhor que ninguém que isso não é tão facil assim. Nossos sentimentos são confusos, dificeis de entender, e terminar com alguém é ainda mais difícil.-ela diz e eu bufo. Ela estava certa.

-Tudo bem, mas o que eu devo fazer agora?-pergunto.-Sentar nessa cama e esperar o pior? Esperar a Gabi me falar que o garoto que eu mais amei nessa vida morreu por que meu irmão psicopata tentou me matar?

        Isabelle se levanta, segurando a carta em suas mãos como se fosse um filho, e me olha seria de um jeito que eu nunca tinha visto durante esses três anos que a conheço. Só isso ja fez um calafrio me percorrer.

-Eu acho que você, Alice Hale, devia lenvantar essa sua bunda dai, parar de ficar se lamentando pelo passado e procurar fazer algo a respeito!-ela diz e eu arregalo os olhos. -Se te faz bem, vai atrás do Tyler! Não importa o que os outros pensam! Não faz muito tempo que partiram. Mas, se o que te faz bem de verdade, e quando eu digo de VERDADE eu quero dizer de VERDADE, e não só uma ilusão que você criou pra abafar seus sentimentos, é o Carl VAI ATRÁS DISSO! Vai pra enfermaria! Faz o que estiver ao seu alcance! Não deixe ele morrer e levar junto com ele seu coração.

        Quando Isabelle para de falar, eu fico estática. Acho que era isso que eu precisava ouvir pra afastar aquela nuvem que tinha cobrido meus sentimentos por tantos anos...

       Me levanto da cama.

-Vou pra enfermaria.-digo tendo a certeza pela primeira vez em muito tempo do que eu realmente queria. E eu queria que Carl sobrevivesse.

        Izzy abre um sorriso.

-Então, vai!-ela diz e eu saio correndo dali.

          Eu não ia deixar Carl morrer. E eu lutaria por ele até o último segundo. Por que, querendo ou não, eu ainda amava Carl Grimes.

𝙰𝚙𝚘𝚌𝚊𝚕𝚒𝚙𝚜𝚎 • 𝚃𝚆𝙳Onde as histórias ganham vida. Descobre agora