CAPÍTULO 16 - A VERDADE DÓI...

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Eu precisava fazer alguma coisa. Não dava pra ficar sentado esperando a polícia parar de comer rosquinhas para se resolver salvar os meus amigos.

Eu meti a Sarah nisso, e eu vou tirar.

Droga, eu não sabia o que fazer. Minha mãe não me levaria de volta para a escola nem que eu implorasse.

Você já teve emoções fortes demais para uma noite. Deixe tudo nas mãos da polícia, eles são instruídos, trabalham com isso há muito tempo, você é só uma criança, blá-blá-blá...

E não dava pra ligar pro Lucca.

— MD... – olhei para o lado e Luiz estava logo ali. Parecia perturbado.

— Aconteceu alguma coisa? – Fui até ele. – Você está bem?

— Anh... está tarde. Acho que vou pra casa... estamos todos cansados, por que não vamos dormir e amanhã nós...

— Luiz, NÃO! O que deu em você? Eu sei que você nunca foi com a cara da Sarah, mas agora tá mais que provado que ela não é um agente-duplo como você tava sugerindo. Afinal de contas, qual é o seu...

Problema...

Meus olhos finalmente se abriram.

Essa não... a Sarah descobriu a resposta e nós não reparamos.

— MD, o que foi?

Dei um passo para trás.

— Luiz... – engoli em seco.

Ele deu um passo na minha direção e eu me afastei. – "Fica aí, Luiz." – Se eu desse mais um passo para trás, cairia na água. Olhei em volta, procurando alguma coisa que pudesse usar para me proteger. Pelo canto do olho eu vi a rede de limpar a piscina. Serve!

Levei meus pés lenta e cautelosamente para o lado, Luiz não se mexia, apenas acompanhava meus movimentos com o olhar. Seu rosto era impassível.

Acho que ele percebeu.

— MD, para com isso. – Ele estava sério demais. Eu não parei. Continuei andando para a rede quando ele deu o primeiro passo e então o segundo, andando na minha direção.

Corri para a rede e quase caí, e droga, ele veio atrás de mim.

Isso parecia mais aqueles pesadelos nos quais você está tentando correr, mas não consegue sair do lugar, enquanto aquilo que te persegue chega cada vez mais perto, o problema é que eu não iria acordar agora. Só mais um pouco e eu vou p...

AAAAAAHHHHHH!

— DROGA, LUIZ, ME SOLTA!!! – Ele estava sobre m... Aaaaahh!!! Meu ombro!

— Luiz... solta... – Eu mal podia ouvir minha própria voz. Não estava enxergando. Minha cabeça... – Voc... ê...

Desisto...

Respirar... eu... consigo respirar.

O quê? Quem tá brigando?

Eu... estava livre. Conseguia me mover...

Minha cabeça ta girando. Ele... saiu... de cima de mim.

Tossi com força, minha vista estava embaçada. Senti que ia vomitar.

— MD, vem. Levanta. – Essa voz é do Rafael. Ele segurou minha mão boa.

— Rafael... Cadê o Luiz? – Olhei em volta, mas não o vi. – Ele...

— Foi mal, cara. Ele fugiu. Você ta bem?

Eu me sentei numa espreguiçadeira. Tudo girava.

— Não... ele entregou a gente. Um por um. O Luiz... tava passando as nossas informações para o Império.

— Eu sei.

Olhei para ele. Havia uma mancha roxa em seu olho e ele parecia disperso.

— O que aconteceu lá dentro?

— Ele me acertou. Eu também descobri só agora. Acordei com você gritando e vim pra cá. Tirei ele de cima de você, mas ele conseguiu fugir. Sinto muito, cara.

— Hm... gritei muito alto, foi?

— Não vou contar pra ninguém.

Eu sorri dolorido para ele e apoiei a testa na mão. Meus olhos ardiam e a cabeça queimava.

— Como a sua mãe não saiu?

— Ela toma remédio pra dormir – ergui a cabeça e respirei fundo algumas vezes. O enjôo estava passando.

— E o que fazemos agora?

E pela primeira vez eu não sabia o que fazer. Estava tudo muito confuso, agora que descobrimos a verdadeira identidade de Luiz.

— Foi ele que atirou em mim... – eu simplesmente disse. Não tinha cem por cento de certeza de que havia sido ele, mas pelas reações e pelo que me lembro do borrão que apontou a arma para mim, se encaixa em Luiz em tudo.

Rafael ficou em silêncio. Acho que, assim como eu, estava digerindo as informações.

— Precisamos ir pra lá, Rafa.

— Sua mãe vai te matar, você sabe.

— Tudo bem. Eu não me importo. Só quero salvar a Sarah e quem mais eu puder. – Levantei-me e olhei para ele. – Os policiais não queriam acreditar em mim, mas minha mãe me apoiou, então eles mandaram dois carros na mesma hora. Devem estar lá agora.

Respirei fundo. Preciso que a Sarah esteja bem.

Instituto Athenas (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now