1 - O PRIMEIRO DIA DE AULA

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Era meu primeiro dia de aula na escola nova...

Na cidade nova.

Meus pais e eu nos mudamos para São Paulo porque meu pai recebeu uma promoção. Ele era um simples gerente de expediente de um banco, agora ele é o gerente geral.

Bem, eu poderia começar com um "Querido Diário, hoje eu levantei cedo, tomei o meu café atrasada, como sempre, e fui à escola nova...", mas eu tenho mais o que fazer do que ter ataques adolescentes (apesar de ser quase uma) por artistas famosinhos desses que se dizem "Best-Sellers" sobre seres sobrenaturais, ou não que viram as maiores bilheterias de cinema, com seus atores adolescentes com cara de cavalo...

Não!

Eu sou uma garota simples, com meus doze anos, cética de qualquer coisa sobrenatural (e eu não acredito que a verdade esteja lá fora) e com muita vontade de ser médica...

Mas ainda era meu primeiro dia de aula, e eu realmente havia acordado cedo, mas não tomei meu café atrasada...

Eu não o tomei!

Corri para a escola que ficava a apenas dois quarteirões de casa (uma casa grande perto de uma grande escola grande... grande coisa...).

Por onde eu começo?

Acho que pela escola. Eu estava indo para lá, mesmo...

E lá estava eu, correndo pela rua feito uma louca, minha saia de pregas azul-marinho (uma coisa da qual eu me envergonharei para o resto da vida) pulando mais do que deveria, e minha gravata (e eu acho que depois vou me enforcar com ela) voando sem parar para o meu rosto. O meu material dançando na minha mão, minha mochila escorregando a toda hora do meu ombro.

É. Acho que eu estava indo bem. Até que meu sapato-boneca preto cuidadosamente lustrado afundou numa poça de lama que estava escondida na grama do terreno que eu resolvi cruzar para ganhar tempo... metade da minha meia branca estava marrom, e eu não estava nem um pouco a fim de saber o que tinha naquela água além de terra.

Muito bem, e lá estava eu na porta da escola que mais parecia um castelo europeu: suada, descabelada, enlameada e atrasada.

Um belo começo. Eu devia anotar isso: "Como Sarah Telles começou seu meio ano letivo, e sua nova vida na cidade grande."

É, daria um excelente livro. Poderia publicar um diário, muita gente faz isso hoje em dia.

Mas eu entrei na escola com o pé direito (o que estava sujo). Não sou supersticiosa, mas minha avó me ensinou que, para termos... como foi que ela disse?, nos dar bem em algum lugar, entrar com o pé direito. Também acho que é isso que dizem sobre as festas de passagem de ano. Gosto de ouvir o que minha avó fala... geralmente acontece.

E geralmente dá certo.

Eu disse geralmente, pois no momento em que eu pisei porta adentro, todos os olhares caíram sobre mim, acusadores como se eu tivesse cometido algum crime hediondo. Bom, acho que para aquelas meninas com massa-corrida no lugar de maquiagem, aparecer com o uniforme sujo era realmente um crime hediondo...

Bem, e lá estava eu, praticamente uma mendiga com um uniforme caro e um papel dizendo a qual sala eu deveria ir.

Mas era incrível como aquela escola parecia maior por dentro do que por fora. Havia mais escadas do que era fisicamente possível caber.

Caminhei atentamente até a sala indicada no papel: S-05/1º A./Cor.B

E juro que tentei entender o que significava aquele código de barras. Pude deduzir que era a Sala 5 do Primeiro Ano A... até aí tudo bem, se não fosse o fato de eu estar na 6º série. E eu nem me dei ao trabalho de entender o que raios era o tal "Cor. B".

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