No dia seguinte eu encontrei meu pai novamente sentado à mesa da cozinha lendo o jornal, mas diferente de ontem, ele não estava nada empolgado. Devia estar vendo as cotações da Bolsa, ou coisa parecida.
— Papai? – aproximei-me receosa. Será que eu teria de ficar de molho de novo?
— Sarah, sente-se. Vamos conversar.
Certo, isso me deu medo. Será que ele ia revogar o nosso acordo de ontem, alegando que ele havia me deixado ganhar, então o jogo não tinha valor? Geralmente, quando as pessoas dizem coisas como "Nós precisamos conversar", é porque você vai levar uma bronca daquelas, o seu namorado vai terminar com você, ou você será demitido do emprego... Eu nunca o vi tão sério, mas sentei-me à mesa de frente a ele. – "Sim, papai?"
— Aqui! Leia isso! – estendeu o jornal para mim e apontou uma matéria larga sobre escolas.
Eu li e fiquei chocada.
— A partir de hoje eu a levarei para a escola, entendeu?
— Como assim? São só duas quadras daqui, não precisa chegar atrasado ao banco por minha causa.
— Não leu a matéria?
— Sim, crianças sumiram, e daí?
— E daí, Sarah, que seu pai é influente, sua família é abastada e você estuda na melhor escola do país, e foi da sua escola que essas crianças sumiram. Você é uma presa fácil para seqüestradores, principalmente porque vai e volta sozinha da escola.
— Como sabe que é da minha escola? Não fala nada no jornal.
— Assim como não anunciaram os nomes dos desaparecidos. Sarah, não se insulte. Você acha que se qualquer nome fosse relatado, alguma família daquela escola manteria seus filhos lá, mesmo sendo a melhor escola? Não, Sarah. Tirariam todos os alunos, e eu estou pensando em tirar você de lá.
— Eu quero ser médica! Quer que eu estude em uma escola medíocre que só se importa se os alunos decoraram a matéria, no lugar de a aprenderem?
— Se isso mantiver minha filha a salvo, sim, prefiro!
— Não vou sair dessa escola! Acabei de entrar e já fiz amigos! Quero continuar nela.
— Então será sob as minhas condições. Eu a levo e saio de lá quando você entrar! Eu a busco e saio daqui quando você entrar em casa! Vou acompanhá-la a todos os lugares! Estamos entendidos?
Entendidos... Eu não queria que fosse assim, mas... era o papai.
— Sarah...? Estamos entendidos?
— Estamos, papai.
— Ótimo! Então coma! Preciso levá-la daqui a meia hora.
Ótimo. Só por causa de algumas crianças desmioladas que se deixaram seduzir pela van de sorvete do palhaço assassino, eu teria escolta para ir à escola. Como ficariam minhas aulas de alemão com o Davi depois disso?
Davi...
É verdade, havia me esquecido dele. Não me ligou, aliás, nem sei como conseguiu meu telefone, mas tudo bem.
Sentei-me e comi. Como não precisava correr para a escola, então pude saborear o meu café. Sempre gostei de salada de frutas no café da manhã. Gosto da minha alimentação saudável.
Meia hora depois eu estava saindo do carro preto e reluzente do papai, quando ele segurou a minha mão e olhou seriamente para mim.
— Sarah, venho te buscar quando a sua aula acabar, à uma hora.
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Instituto Athenas (EM REVISÃO)
Mystery / ThrillerSarah acaba de se mudar com a família para São Paulo e, consequentemente, para uma nova escola. Lá, ela conhece quatro pessoas que mudarão sua forma de ver as chamadas "intrigas juvenis".