Capítulo 15: Ardendo em Chamas

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Morar sozinho não foi tão legal quanto esperava que fosse. Honestamente, senti muita falta da Selena — por outro lado, era bom ter um guarda-roupas só meu — e também das refeições prontas que ela trazia do restaurante da família todas as noites. A necessidade me transformou em um cozinheiro mediano, nada excelente, mas nem tão ruim a ponto de não ser comestível.

O pouco tempo livre que tinha era gasto dormindo. A cada semestre que avançava, mais difícil se tornava, em contrapartida era um passo mais perto do meu diploma. No trabalho, os supervisores faziam questão de testar todo meu conhecimento sobre as ciências administrativas. A cada semana um desafio novo, tudo que eu mais queria. Chega de cafezinhos! Aquilo que era um estágio de verdade.

Pelo menos eu tinha as vinte e quatro horas do meu dia completamente comprometidas, não tinha tempo nem espaço para pensar em Eloise —nem ligar para ela e ferrar o acordo de relacionamento. Sendo bastante otimista: Sem Eloise, sem Christopher! Mas não significa que eu não pensava mais nela.

Passado algum tempo, tentei retornar o contato com a Selena, ser amigos talvez, mas ela parecia não estar interessada. Passar todas as tardes na Tec Campbell me fez conhecer novas pessoas, em especial Samantha, — estagiária, assim como eu, profissional, simpática e bastante atraente — costumávamos sair para almoçar juntos e de vez enquanto me convencia a tomar shots de tequila com ela.

Apesar das responsabilidades triplicadas, o salário compensava meu esforço. Comprei uma bicicleta para ir e voltar da universidade, assim pedi que Eloise suspendesse o motorista — na verdade, eu queria manter a forma física para ela, já que era tudo que importava na relação. Comprei dois notebooks, e mandei um para os meus avós na Carolina do Norte, com a ajuda de Justine mantínhamos contanto visual semanal através de vídeo-chamadas. Em vista de tudo pelo o que eu já havia passado até ali, aquela sem dúvidas era uma vida perfeita: finalmente era capaz de me manter sozinho — a não ser pela anuidade que ainda estava por conta da Sociedade Beaumont.

Numa terça-feira qualquer, enquanto eu quebrava a cabeça no projeto da turma de Gestão Financeira e Orçamentária, recebi uma mensagem um tanto quanto peculiar de Eloise:

"Temos assuntos pendentes, Sr. Kholer. "

Em anexo, uma foto instigante de suas pernas, cruzadas sobre uma mesa que parecia ser de trabalho, mas não era mesma que vira em seu escritório da última vez. Mordisquei meu lábio inferior indiscretamente e quando percebi a bibliotecária me encarava com estranheza.

"Onde e quando? "

"Tem uma janela para mim? Estou na sala privativa de reuniões no prédio sul da universidade. "

"Eu vou agora! "

"Seja rápido. Não quero começar a reunião sozinha. "

Um convite irrecusável. Joguei todos os meus materiais de qualquer jeito dentro da bolsa, mas quando estava na porta da biblioteca, simplesmente paralisei com as lembranças da minha performance vergonhosa em sua casa. Não podia deixar isso acontecer novamente, não por uma questão de orgulho masculino, eu tinha medo de anular o acordo por não ser suficiente para ela.

Entrei novamente e caminhei apressado até o laboratório de informática, efetuei o login em um dos computadores mais afastados e pesquisei sobre sexo. Para ser vergonhosamente mais exato: "métodos para retardar a ejaculação", e em seguida "como satisfazer uma mulher experiente". Uma chuva de resultados surgiu na tela inicial, fiquei feliz por não ser o único com essas dúvidas. Distraído lendo o primeiro site que abri, me assustei ao sentir alguém tocando meu ombro.

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