Capítulo 5: Todo tempo do mundo

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Era madrugada quando voltei para Palo Alto, mais precisamente 02:54 a.m. O baile não terminou tarde, demorei por conta própria. Depois de conversar com Eloise apresentei-me com mais confiança para as outras pessoas, apesar de não receber nenhuma resposta imediata senti que fiz o melhor, então só me restava esperar. Pelo resto da noite procurei por ela inconscientemente, sentia ainda uma certa curiosidade e gostaria de saber mais sobre sua vida, — talvez porque sua bagagem de conhecimento do ramo administrativo pudesse agregar mais valor ao meu — mas não tive sequer um sinal dela, como se desaparecesse misteriosamente. O ponto alto foi esperar na saída até que o último carro fosse embora e, com sorte, vê-la mais uma vez — daí o motivo para chegar tão tarde em casa.

Abri a porta vagarosamente e tirei os sapatos antes de entrar prevenindo-me dos ruídos. Deixei a chave do carro em cima da bancada na cozinha e caminhei até o quarto, Selly dormia com um livro de biologia molecular em cima do peito. Sorri, guardei-o, apaguei a luz do abajur ao lado e cobri seu corpo deixando-a dormir em paz.

Embora fosse tarde, não sentia ainda sono suficiente para dormir. Cada vez que fechava os olhos acontecia um flashback diferente em minha mente, pude até sentir o aroma floral perturbando-me mais uma vez. Evitando amolar minha namorada com meus movimentos abruptos e constantes na cama, peguei meu notebook e fiquei sentado na sala atualizando meu e-mail repetidas vezes até o amanhecer.

— Acordou cedo, amor — assustei-me ao ouvir a voz de Selly e em seguida suas pantufas arrastando-se pelo chão.

— Pois é — ela não notou que nem ao menos dormi. — Desculpe chegar muito tarde.

— Tudo bem — bocejou sentando-se em meu colo usando seu pijama de listras verdes. — Como foi a festa?

— Esplêndida — admiti ainda vislumbrado. — Conheci um secretário do governo do estado — comentei animado como se fosse coisa grande.

— Que ótimo! — Seu sorriso lindo encontrou o meu. — Mais alguém interessante? — Brincou com meu cabelo.

— Bastante gente — minha mente resgatou a memória de Eloise, mas por algum motivo desconhecido decidi não a mencionar. — Foi melhor do que imaginei.

— Hmmm... — Selly mordeu brevemente o lábio inferior — bom o suficiente para deixar sua namorada em casa perdendo uma grande chance de transar com ela — sussurrou.

— Olha... — tomei fôlego para justificar-me.

— Não precisa — pôs seu dedo eu meu lábio. — É brincadeira, — e sorriu — fico muito feliz por você ter ido.

­— Bom, — fechei o notebook deixando no braço do sofá — devo agradecer uma pessoa especial por isso — deslizei minha mão até sua coxa lhe dando um meio sorriso. — Selly, você me tirou daquele carro — encostei minha testa na sua e nos beijamos lentamente por pouco tempo. — Muito obrigado, não sei o que faria sem você.

— Você iria se virar — riu e eu balancei negativamente a cabeça.

— Quero te recompensar — soei um tanto sugestivo propositalmente e joguei seu corpo deitado no sofá.

— O que vai fazer? — E mais risadas, notei também que suas bochechas coraram.

— Deixa eu te mostrar o quanto eu te quero — deitei parcialmente meu corpo sobre o dela e beijei sua boca enquanto sussurrava. — Deixa eu retribuir tudo o que você já fez por mim.

— Adam, — respondeu entre beijos — combinei de tomar café com a Haley e estudar para o teste que teremos amanhã.

Planos frustrados mais uma vez — novamente nada extraordinário. — Mesmo prometendo esperar seu tempo, às vezes meus hormônios falavam um pouco mais alto, mas nunca tomaria posição de ficar entre os seus estudos. Libertei seu corpo levantando-a junto comigo e pus minha mão entre seu maxilar e pescoço beijando-lhe a testa.

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